O governo militar da Guiné-Conakry informou ter aberto uma investigação sobre quem ordenou às forças de segurança para disparar contra manifestantes na segunda-feira, matando pelo menos 57 pessoas. Os manifestantes protestavam contra a prevista candidatura presidencial do líder militar do país, o capitão Moussá Camará.
Grupos de direitos humanos na Guiné-Conakry disseram que pelo menos 157 pessoas foram mortas quando elementos da guarda presidencial dispararam contra manifestantes no interior de um estádio de futebol para pôr fim à manifestação não autorizada. O número exacto de mortos poderá nunca vir a ser conhecido já que os soldados recolheram os corpos em vez de deixarem que eles fossem enviados para as morgues públicas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Bernard Kouchner, informou que Paris suspendeu a cooperação militar com Conakry e está a rever todo o pacote de ajuda bilateral.
A administração Obama condenou o que chamou de um descarado e inapropriado uso da força contra civis. O vice-porta-voz do Departamento de Estado, P.J. Crowley, disse que Washington está profundamente preocupado sobre o colapso geral da segurança.
“Encorajamos o governo guineense a refrear e garantir a segurança de todos os guineenses e estrangeiros. Estamos muito preocupados sobre as violações dos direitos humanos básicos e apelamos ao regime para libertar todos os presos políticos. Obviamente as notícias de mortes, actualmente em mais de 150, representam uma perda muito significativa de vidas e são uma grande preocupação para nós.”
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) quer que seja aberta uma investigação internacional sobre a violência que inclua a União Africana e a Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas.
O líder militar guineense, o capitão Moussá Camará, enfrentando a mais violenta repressão de dissidentes políticos desde que tomou o poder há nove meses através de um golpe de estado, tentou distanciar-se das mortes, afirmando que não soube o que tinha acontecido.
A organização Human Rights Watch disse que o capitão Camará deve castigar os responsáveis pelos disparos contra manifestantes pacíficos. Corrine Dufka dirige as operações da organização na África Ocidental.
“Dadis Camará atribuiu as acções a elementos descontrolados no seio das forças armadas. Isto é completamente inaceitável. Soa como que a uma operação bem organizada.”
Quando tomou o poder, o capitão Camará disse que nenhum dos líderes do golpe iria ocupar cargos políticos. Agora o conselho militar afirma que qualquer um é elegível para concorrer às eleições legislativas e presidenciais no próximo ano.
Embora o capitão Camará não tenha formalmente declarado a sua candidatura, disse a apoiantes seus que não os insultaria por ignorar os seus pedidos para concorrer as presidenciais.