Na Guiné Conackry , um grupo activista dos direitos humanos revelou que a violenta reacção das forcas militares, as manifestações anti-governamentais, de ontem, resultou na morte de pelo menos 150 pessoas.
De acordo com a Organização para os Direitos Humanos da Guiné Conackry, o número de mortos tende a aumentar, à medida que as equipas de assistência médica vão descobrindo e identificando pelas ruas da capital, corpos de manifestantes que ontem aderiram às acções de protesto num estádio em Conacrky.
Notícias provenientes da capital guineense dão, por outro lado, conta de que cerca de 50 mil manifestantes terão participado nas manifestações de ontem.
A organização activista dos direitos humanos, a Human Rights Watch citou testemunhas locais, incluindo pessoal medico, que descreveram os confrontos de sangrentos.
O líder da Junta Militar, o capitão Moussa Dadis Camara, admitiu terem as forças militares e de segurança perdido controlo da situação e tenta demarcar-se da violenta repressão policial e militar de ontem.
Em declarações a uma estacão radiofónica senegalesa, o líder militar disse ter ficado profundamente consternado, quando foi informado da violência no Estádio 28 de Setembro onde, de acordo com testemunhas locais, as forças de segurança abriram fogo de forma indiscriminada, contra civis indefesos.
Dadis Camara disse ainda àquela estacão de rádio do Senegal que preferia ser ele a morrer do que presenciar populares indefesos serem massacrados pelas forças de segurança.
Aquele líder militar jurou não ter assumido o poder em Dezembro do ano passado naqueles pais oeste-africano para vir a confrontar-se com o povo guineense.
O governo militar da Guiné Conackry interditou, na passada sexta-feira, todas as manifestações de cariz politico, mas as forcas da oposição, a sociedade civil e os sindicatos decidiram, mesmo assim, levar avante as acções de protesto contra a anunciada intenção do capitão Moussa Dadis Camara de se candidatar a presidência do país.
As manifestações de ontem constituíram-se por sinal na maior acção do género contra aquele líder e a sua Junta Militar, há precisamente nove anos no poder.
As forças de segurança tentaram ontem bloquear o acesso dos manifestantes ao principal estádio de futebol da capital, recorrendo para o efeito a bastões, gás lacrimogéneo e fogo real.
Vários líderes da oposição foram detidos e encontram-se de momento nos quartéis, sob a custódia dos militares que governam o país.
O capitão Dadis Camara garantiu, por outro lado, ter-se já inteirado das condições de detenção dos líderes da oposição, que segundo ele, estão bem de boa saúde.
Recorde-se que os militares guineenses, liderados pelo capitão Moussa Dadis Câmara chegaram ao poder naqueles pais da África Ocidental, em Dezembro do ano passado, na sequência de um golpe de estado.
Ao assumir as rédeas do poder, Dadis Camará prometeu aos guineenses organizar eleições democráticas e livres, pleito em que os militares não seriam candidatos.
Entretanto, apesar de não ter ainda formalizado oficialmente a sua candidatura, o líder militar deu recentemente a entender aos seus apoiantes, de que estaria considerando a hipótese de concorrer a sua própria sucessão, na presidência dos pais.
Reacções Internacionais à Violência em Conackry
Em Bruxelas, a União Europeia exortou a que os responsáveis pelo massacre sejam chamados à responsabilidade. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon, a União Africana e o governo francês, condenaram e de forma enérgica o recurso excessivo à forca, pelos militares do líder da Junta Militar, o capitão Moussa Dadis Camara.
Na Guiné- Bissau, país com uma extensa fronteira comum com a Conackry , com a qual mantém uma forte relação cultural e histórica., o governo manifestou preocupação com a situação no pais vizinho e apelou à contenção e ao bom senso, enquanto vai começar a preparar um plano para receber eventuais refugiados.
Recorde-se que, durante a luta contra o colonialismo português. a Guiné-Conackriy serviu de base aos nacionalistas do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde ,PAIGC.
Por seu lado o representante do secretário-geral da ONU em Bissau, Joseph Mutaboba, disse estar preocupado com a situação por temer as suas eventuais consequências na vizinha Guiné-Bissau.
Joseph Mutaboba foi ,a propósito,recebido em audiência pelo presidente guineense, Malam Bacai Sanha, com quem abordou a preocupante situação que se vive na Guiné-Conackry..
Reunido com o Malam Bacai Sanhá esteve também o representante da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) em Bissau, Hamet Sibidé.