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África do Sul: Violações Sexuais


Mais de um em cada quatro homens que participaram num estudo na África do Sul afirmam ter cometido violação sexual. Os dados mostram que muitos dos inquiridos cometeram o acto várias vezes.

Cerca de 28 por cento dos homens que participaram no estudo do Conselho de Pesquisa Médica Sul-africana dizem ter violado uma mulher ou jovem rapariga. Deste número, cinco por cento afirma ter praticado o acto no ano passado.

Os homens admitem terem violado as suas parceiras, e participado em grupos de violadores, e alguns violaram homens ou rapazes. Cerca de 10 por cento sublinha que a primeira experiência sexual coerciva que tiveram, foi por volta dos 10 anos de idade, e a maioria diz que o primeiro acto foi antes de terem completado 20 anos de idade.

Rachel Jewkes, directora da Unidade de Pesquisa em Saúde e Género do Conselho Médico Sul-africano, diz que o estudo mostra que os homens são normalmente os que violam e os primeiros a assumirem comportamentos de risco.

"Eles são os que parecem ser fisicamente violentos em relação às mulheres e também os que parecem ter tido múltiplos parceiros sexuais. Alguns que contactei tinham mais de vinte parceiros sexuais; tendo relações com estrangeiros, com prostitutas, e de ingerirem grandes quantidades de álcool."

Jewkes sublinha que muitos desses homens tiveram uma infância em que um ou os dois pais estiveram ausentes. Tinham uma fraca relação com os pais, ou ainda, foram ainda eles mesmos alvos de abusos emocionais e sexuais. Muitos deles têm dificuldades em construir uma vida familiar sã.

"E penso que uma forma de violência contra mulheres e também outros homens que está a desenvolver-se, a tornar-se legítima, acontece dentro do contexto onde os homens sentem que não tem outras formas de se expressarem como homens de sucesso, de se expressarem de forma menos benigna como através dos empregos, das suas casas, de se sentirem bem com eles mesmos e expressarem (esse sentimento) através da forma convencional que está acessível a homens em escalões mais altos. "

A sociedade sul-africana é essencialmente patriarcal o que para Jewkes tem contribuído para uma visão distorcida do machismo.

O estudo abrangeu mil setecentos e trinta e oito homens entre os 18 e 49 anos, de todas raças e de todos os grupos socioeconómicos, e foi realizado em três distritos da província do Cabo, e na do Kwazulu-Natal.

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