Diz-se que os diamantes são eternos mas, ainda assim, não estão imunes à crise económica global. Uma quebra brusca nas vendas dos diamantes ao nível mundial levou ao maior encerramento de minas diamantíferas de que há memória na história recente. O que irá significar também numa perda de postos de trabalho em África, se a economia mundial não recuperar.
Em Londres, na Bond Street, o fascínio e o brilho dos diamantes não atrai os comptradores, como no passado. Mark Boston entende o que se está a passar. Há mais de 45 anos que está envolvido no comércio de diamantes. E nota, a propósito, que, no ano passado, a procura de diamantes em bruto, nos centros de lapidação, caiu de uma forma nunca vista.
Diz ele: "A quebra foi tão brusca, tão drástica que os produtores adoptaram uma posição quase sem precedentes de encerrar minas".
Quase a nove mil quilómetros de distância, no Bostwana, o maior produtor mundial de diamantes tem vindo a sentir a quebra. As suas minas são propriedade do governo e da DeBeers, a maior produtora do mundo de diamantes em bruto.
No fim doa ano de 2008, havia uma grande procura enorme de gemas em bruto provenientes das minas do Botswana. Este ano, as minas de diamantes do país estiveram fechadas durante 50 dias.
David Prager é o director de comunicações da DeBeers em Londres: "Temos cerca de cinco mil pessoas a trabalhar para nós no Botswana, por isso, durante a pausa na produção, todas aquelas pessoas foram mantidas em serviços de manutenção e limpeza."
Os empregados foram pagos durante a paragem. Quase todas as operações voltaram a entrar em funcionamento. Mas, com milhares dependendo das minas de diamantes do Botswana, o impacto é difícil de avaliar.
Cerca de 60 por cento do rendimento das exportações do Botswana e a maior parte dos impostos colectados resultam do comércio dos diamantes.
No ano passado, no país foi instalado o maior centro mundial de classificação de diamantes, empregando directamente 600 pessoas. A DeBeers afirma que aquele centro gerou um total de três mil postos de trabalho.
A DeBeers insiste que aquelas instalações irão permanecer no Botswana. Mas, este ano, este país vai extrair 15 milhões de carates, contra 33 milhões no ano passado.
Roger Murray, um analista de mercados, diz que o Botswana vai sobreviver à crise: "O Botswana consolidou a sua posição por forma a ter agora reservas suficientes em moeda estrangeira, dez mil milhões de dólares, o que é muito para os padrões africanos."
A longo prazo, a recuperação da economia global é essencial para o que irá acontecer ao Botswana e a outros países produtores de diamantes em África.
Alguns comerciantes de Londres afirmam existirem sinais de que a procura de diamantes está a aumentar. Em última análise, as vendas de diamantes lapidados irá determinar se o Botswana e outros países africanos irão ter um futuro próspero.