Na Índia, a nítida vitória nas eleições gerais da coligação liderada pelo Partido do Congresso veio marginalizar uma série de pequenos partidos regionais ou de esquerda que tinham assumido um importante papel nas últimas décadas.
Poucos dias depois da aliança liderada pelo Partido do Congresso ter conseguido uma confortável vitória nas eleições gerais indianas os analistas afirmam que aquele partido parece estar a recuperar a sua posição de força dominante da vida política indiana.
Desde 1991 que a Índia tem vindo a ser governada por uma série de governos de coligação dependentes dos pequenos partidos para poderem sobreviver. Contudo o escrutínio deste ano inverteu essa tendência.
De facto, a coligação do Partido do Congresso desafiou todas as previsões e quase que conseguiu a maioria no Parlamento, um resultado que lhe permite sobreviver sem estar a recorrer ao apoio dos partidos regionais.
Para o analista político indiano Mahesh Rangarajan, professor na Universidade de Deli, afirma que os partidos regionais foram efectivamente marginalizados.
" Contrariamente aos dois últimos governos, os partidos regionais não se encontram numa forte posição negocial. De facto o pêndulo afastou-se desses partidos o que constitui uma mudança significativa."
Os partidos de índole comunista, que desempenharam um importante papel no último governo liderado pelo Partido do Congresso, sofreram também um importante revés. Foram derrotados nos seus próprios bastiões de Kerala e Bengala Ocidental e a sua representação no parlamento passou de 61 para 24 lugares.
Esse declínio dos partidos de esquerda beneficiou o Partido do Congresso que conseguiu obter 206 assentos na nova legislatura ou seja mais 145 do que na anterior. Os analistas políticos afirmam que o partido beneficiou da repercussão positiva das suas politica durante o último mandato tais como o programa no montante de 5 mil milhões de dólares garantindo 100 dias de trabalho anuais aos pobres.
Paralelamente o seu empenhamento em modernizar a economia conseguiu o apoio da classe média que beneficiou grandemente do grande crescimento económico a que se assistiu até ao ano passado.
O analista político Mahesh Rangarajan conclui que estas eleições popularizaram o Partido do Congresso entre uma vasta gama de eleitores. Advertiu contudo que apesar dos partidos regionais estarem enfraquecidos eles não foram derrotados completamente.
" Não há dúvida de que os eleitores parecem pensar que um governo com coesão onde haja um partido no controlo das operações é preferível a um que ande ao sabor das pressões regionais. Não devemos contudo esquecer que esses partidos continuam a existir e podem sempre voltar à ribalta."
Mas apesar desta vitória, Rahul Gandhi, o filho da poderosa presidente do Partido do Congresso, Sonia Ghandi, a estratega deste êxito eleitoral, afirma que mais necessita de ser feito.
" Nós precisamos de uma organização de juventude e é precisamente isso que vamos fazer nos próximos 2, 3 5 anos."
Os analistas afirmam que a reconstrução da base do partido é fundamental. Salientam contudo que tal só pode acontecer se o novo executivo demonstrar boa governação e puser em prática políticas que respondam às expectativas da população agora que já não tem as mãos atadas pelos pequenos partidos.
