Um novo relatório pelo Centro Carnegie para a Paz Internacional afirma que as forças dos Estados Unidos e de outros países da NATO no Afeganistão não devem tentar estabelecer, a curto prazo, um acordo com o Taliban. Analistas dizem que o Taliban tem poucas razões para negociar um acordo sobre o conflito, que é agora visto por muitos como estando num impasse.
O presidente Barack Obama afirmou que o objectivo da América para o Afeganistão e Paquistão é despedaçar, desmantelar e derrotar a al-Qaida e o Taliban e para evitar o seu regresso a cada um daqueles países no futuro.
O presidente dos Estados Unidos autorizou o envio de mais 20 mil soldados americanos para o Afeganistão e o aumento da ajuda económica e de mão-de-obra civil para os dois países.
Quando o presidente Obama anunciou a sua nova estratégia para o Afeganistão no dia 27 de Marco, disse ser necessário um esforço para conciliar grupos que haviam lutado entre si durante muitos anos.
"Num país de extrema pobreza que tem estado em guerra há décadas, não haverá paz sem a reconciliação entre antigos inimigos. Contudo, não tenhamos ilusões de que isso será fácil."
Obama reconheceu haver uma posição intransigente do Taliban que deve ser confrontada com os militares e derrotada. Mas acrescentou que, que alguns rebeldes podem ser reconciliados e regressar as suas comunidades.
"Há também aqueles que pegaram em armas por causa da coerção ou simplesmente por um preço. Esses afegãos devem ter a opção a escolher um curso diferente. E é por isso que iremos trabalhar com líderes locais, o governo afegão e parceiros internacionais para haver um processo de reconciliação em cada uma das províncias."
O novo relatório do Centro Carnegie para a Paz Internacional não recomenda quaisquer esforços de reconciliação com o Taliban, classificando a ideia tanto prematura como desnecessária para o sucesso dos objectivos do Ocidente no Afeganistão.
Ali Jalali, antigo ministro do Interior do Afeganistão e actualmente professor na Universidade de Defesa Nacional em Washington, diz que até o governo afegão e as forças da NATO controlarem vastas áreas de território e conquistarem a confiança das pessoas, o Taliban não terá incentivos para se engajar em conversações de paz.
"O Taliban pensa que está a ganhar. Por isso,
com a situação que temos no Afeganistão, não julgo que o Taliban tenha
incentivos, por agora, para se empenhar em conversações
sérias que conduzam a paz e estabilidade ou qualquer tipo de acordo."
O relatório do Carnegie diz que o sucesso político-militar no Afeganistão e possível, mas irá requerer uma melhoria significativa da actuação do governo afegão.
O autor do relatório, Ashley Tellis, afirma que para se alcançar a vitória no Afeganistão e necessária a criação de um governo federal efectivo que possa controlar o território nacional e enviar segurança as pessoas, uma governação responsável e desenvolvimento económico.
Alguns membros do Congresso manifestaram crescentes preocupações sobre o que estão a ver quanto ao empenhamento de abertura da administração Obama para com a guerra no Afeganistão.
Mesmo líderes do Partido Democrático advertiram de que poderá haver apenas mais um ano de apoio político para virar a situação política no país.
O analista Ashley Tellis diz que a derrota da al-Qaida e do Taliban deverá levar muito mais tempo.
"Estamos apenas no início de uma estratégia que irá ser aplicada nos próximos dois ou três anos. Não devemos esperar quaisquer transformações antes disso. Por isso vejo isso essencialmente como o pagamento de entrada de algo em que iremos estar envolvidos daqui a algum tempo."
O relatório do Carnegie afirma que a reconciliação no Afeganistão apenas pode ser alcançada através de uma vitória político-militar que diminua as vantagens de uma resistência continuada.
Se esse sucesso for alcançado, a reconciliação entre militantes e o Estado será inevitável, conclui o relatório.