William Ward, comandante do Comando Africano das forças Armadas Americanas, o Africom, encontra-se em Moçambique para discutir a cooperação entre os dois países.
Mais de um ano após ter entrado em funcionamento como comando operacional independente o Africom continua ainda a causar estupefacção e interrogações em parte pelo facto de ser um comando que na verdade não tem sob ordem qualquer força militar.
O Africom é na verdade um comando inédito no quadro das forças armadas americanas. Não só não tem unidades militares directamente sob seu comando como integra também civis, incluindo a adjunta do comandante, Mary Yeates que esteve aqui em Washington esta semana para falar sobre os sucessos e problemas desse comando.
Yeates, ela própria uma veterana diplomata e não militar, fez notar que no Africom há não só representantes do Departamento de Estado como também da agencia internacional de desenvolvimento dos Estados Unidos a USAID.
"Nós trabalhamos com os militares quando eles planeiam os seus programas de cooperação de segurança para que esses programas sejam mais eficazes, de modo a que a ajuda humanitária seja usada mais eficazmente em apoio aquilo que a USAID faz no continente e aquilo que o departamento de estado faz no continente" disse.
Isto enquadra-se numa talvez nova percepção em círculos oficiais americanos que segurança – tanto para os Estados Unidos como para os países africanos –não pode só ser visita dos ângulo militar ou policial. O objectivo é alcançar-se o que o próprio Africom descreve de "segurança sustentável através de uma cooperação com outros departamentos do governo e parceiros internacionais".
O objectivo continua a ser o de "construir a capacidade dos parceiros africanos" dos Estados Unidos e em "reduzir conflitos, melhorar a segurança, derrotar o extremismo violento e forencer apoio ejmcasos de crises".
Yates disse que nesse sentido há um esforço muito mais integrado com o departamento de estado, a USAID e o departamento de defesa a reunirem-se a discutirem prioridades de uma forma integrada.
Isto levanta no entanto acusações de que se esteja a assistir à militarização da política externa e dos programas de ajuda dos Estados Unidos. Mary Yeates rejeita essa acusação.
"Tendo estado a trabalhar e a viver neste ambiente nos últimos dois anos tenho a dizer que o que se passa é precisamente o contrário" disse a diplomata.
"Os militares são as pessoas que estão a aprender sobre o significado dos grandes objectivos de política externa, dos objectivos das agencias que trabalham no continente há muitas e muitas décadas" acrescentou.
Mas claro está que esta explicação não serve para colmatar dúvidas e mesmo suspeitas. A esmagadora dos países africanos rejeitou a possibilidade do Africom ter o seu quartel-general no continente africano. O Africom continua sediado em Estutgarda na Alemanha onde iniciou a vida como filho, por assim dizer, do comando europeu.
Mary Yeates reconheceu que inicialmente não foi feito um trabalho apropriado de consultas com os parceiros africanos o que poderá ter servido para criar essas dúvidas e suspeitas. Mas a adjunta do comandante do Africom disse que desde que o Africom começou a operar como comando independente sob o comando do General William Ward um melhor trabalho de consultas e explicações tem estado a ser levado a cabo com sucesso.Yeates contou que por exemplo quando visitou a Universidade de Defesa do Quenia há um ano atrás as suspeitas eram óbvias mas que isso mudou numa recente visita.
"Há um ano atraz perguntaram-me: porquê? Para quê um comando africano? Porque é que se reorganizaram deste modo? Desta última vez a pergunta que me faziam era: o que é que o Africom vai fazer sobre este ou aquele problema? É o Africom que vai liderar a luta contra os piratas? Vocês vão dar-nos um programa para este problema? O diálogo sobre o Africom já tinha mudado totalmente" disse
Yeates disse ainda concordar que há ainda quem duvide do Africom, tanto em África como nos próprios Estados Unidos pelo que acredita que o dialogo deve continuar.
Nós quisemos ainda saber da adjunta do comandante do Africom se há países a quem o comando dá preferência. Recordámos que há alguns anos atrás – antes da criação do Africom – estrategas do Pentágono falavam de pólos regionais em África. Na prática esses polos eram potencias regionais como a Nigéria na África ocidental, a África do Sul na África austral e o Quénia na África oriental.
MaryYeates disse que os programas do Africom têm todos os mesmos objectivos qualquer que seja a parte de África e que esses programas se aplicam igualmente para todos os países.
Mas acrescentou que "as nações de África que querem ser nossos parceiros e que são os lideres nos esforços para se introduzir a paz e estabilidade não só para os seus países mas para a região são aqueles que naturalmente serão os primeiros parceiros se tivermos que dar prioridade aos nossos fundos e programas".
Entre os países que Mary Yeates disse estarem a ter um papel de liderança conta-se Angola e Moçambique.