Links de Acesso

Jacob Zuma: De Origem Humilde à Presidência Sul-africana


Jacob Zuma foi quarta-feira eleito presidente por esmagadora maioria pelo parlamento sul-africano depois de uma intensa campanha eleitoral que dividiu profundamente os sul-africanos.

Jacob Zuma prometeu depois perseguir a visão de um país unido, não-racial e não-sexista. E enumerou as cinco prioridades do seu governo.

"Vamo-nos focar na educação, saúde, reforma agrária e desenvolvimento rural, a luta contra o crime, assim como a criação de empregos decentes" disse Zuma

"Estamos determinados a deixar uma marca indelével nestas cinco áreas" acrescentou.

O caminho de Zuma até ao topo da política sul-africana não foi fácil, marcado por origens humildes, a luta contra o apartheid e batalhas políticas e jurídicas.

Embora seja desprezado por alguns sul-africanos, o seu charme e bom trato cativou muitos outros, especialmente aqueles que menos beneficiaram dos 15 anos de liberdade e prosperidade da África do Sul.

Jacob Zuma nasceu no dia 12 de Abril de 1942 em Nkandla, uma área rural na província do Kwa Zulu-Natal, a cerca de 100 quilómetros a norte da cidade de Durban.

O seu pai, um polícia, morreu quando ele tinha cinco anos e a sua mãe lutou muito para sustentar a família.

Zuma recebeu pouca instrução formal. Em vez disso guardou gado quando era criança e teve trabalhos acidentais. Envolveu-se na política quando adolescente e juntou-se ao Congresso Nacional Africano aos 17 anos de idade.

Em 1963 foi preso pelas autoridades do "apartheid" quando tentava deixar a África do Sul para receber treino militar.

Cumpriu 10 anos de prisão na Ilha de Robben com muitos outros líderes anti-apartheid.

Depois de ser libertado trabalhou com a resistência dentro da África do Sul ate ir para o exílio em 1975.

Zuma passou os 15 anos seguintes na Suazilândia, Moçambique e Zâmbia. Trabalhou nos serviços de inteligência do braço armado do ANC e subiu rapidamente através da hierarquia.

Quando a proibição do ANC foi levantada em 1990 regressou a África do Sul e participou nas negociações que conduziram a libertação dos presos políticos e o regresso de muitos exilados.

Depois do fim do "apartheid" em 1994, Zuma serviu no governo provincial do Kwa Zulu-Natal e ajudou a mediar o fim da violência entre apoiantes do ANC e do Partido da Liberdade Inkhata, de Mangosuthu Buthelezi.

Foi eleito vice-presidente do ANC em 1997 e dois anos mais tarde foi nomeado vice-presidente no governo do então presidente Thabo Mbeki.

Mas a ascensão de Zuma não foi feita sem controvérsia. Foi obrigado a demitir-se de vice-presidente em 2005 depois de ter sido acusado de corrupção. As acusações foram retiradas e voltou a vice-presidência em 2006. Nesse mesmo ano foi absolvido de ter violado uma amiga HIV positiva durante um sensacional julgamento, durante o qual disse ter tomado um banho de chuveiro para evitar ser infectado com o vírus mortífero.

O último caso de corrupção foi retirado duas semanas antes das eleições pelos acusadores públicos que decidiram que houve interferências políticas na investigação.

Zuma disse depois a apoiantes que se sentia os seus direitos reivindicados, embora os seus opositores tenham dito que iam continuar a perseguir o assunto em tribunal.

"A minha consciência e clara," disse Zuma

" Não cometi qualquer crime contra o Estado ou pessoas da África do Sul. Não tive dificuldade em responder as acusações, porque sabia que eram infundadas", acrescentou.

Os cinco casamentos de Zuma e muitos filhos foram criticados por alguns sul-africanos que sentem que o facto projecta uma pobre imagem e constitui um mau exemplo num país com um dos mais altos níveis de infecção com o HIV/SIDA do mundo.

Mas Jacob Zuma e bem visto por muitos que não vêem nada de errado com o seu estilo de vida tradicional.

Zuma gosta de encerrar as suas aparições públicas com a sua canção de luta favorita, "Bring Me My Machine Gun" (Traz-me a minha Metralhadora), que faz com que algumas pessoas se sintam inconfortaveis

Contudo, dançando com o punho fechado acima da cabeça, como que empunhando uma arma imaginária, Zuma celebra as suas raízes tradicionais e uma recusa em ceder a adversidade.

Relacionados

XS
SM
MD
LG