O decréscimo do investimento estrangeiro e a desvalorização do kwanza são alguns dos efeitos da crise internacional sobre a economia angolana, afirmou em Luanda o presidente executivo da consultora KPMG, Paul de Sousa.
Isto ao mesmo tempo que a moeda angolana o Kwanza continua sob forte pressão .
Para o responsável da KPMG, uma das empresas líderes, a nível mundial, nas áreas de auditoria, fiscalidade e consultoria, consequências previsíveis da crise são também o aumento do custo do crédito, a falta de liquidez, e uma redução significativa do crescimento do produto interno.
Outras consequências são o surgimento de
dificuldades de cumprimento por parte de empresários que acumularam vários
empréstimos e uma quebra nos preços do imobiliário, pelo menos em algumas
zonas, como o Norte e o Sul de Luanda.
Tudo isto traduz os efeitos colaterais da diminuição do preço do petróleo, com
implicações negativas sobre as receitas fiscais e sobre o investimento público.
A moeda angolana o Kwanza tem estado sob forte pressão nos últimos meses devido precisamente à baixa dos preços do petróleo e matérias-primas
As autoridades
angolanas responderam na semana passada à nova conjuntura financeira
flexibilizando a gestão da cotação do kwanza mas aumentando a exigência aos
bancos no que toca a reservas de moeda estrangeira.
Depois de ter estado praticamente dois anos "colado" ao dólar a uma cotação de
75 kwanzas, a moeda angolana tem sido negociada nas últimas semanas na casa dos
79 kwanzas.
A subida dos requisitos de reservas bancárias – de 20 para 30 por cento – pelo Banco Nacional de Angola foi recebida como uma medida para conter a especulação sobre a moeda nacional, o kwanza.
O anterior governador do banco nacional de Angola Amadeu Mauricio não defendia a desvalorização do Kwanza e aplicou mais de cinco mil milhões de dólares em reservas estrangeiras para defender a moeda angolana.
Isto, juntamente
com a diminuição das receitas petrolíferas
, levou a uma quebra das reservas angolanas, de 18,9 mil milhões de dólares
(2008) para cerca de 13 mil milhões de dólares este mês, de acordo com dados do
Banco Nacional de Angola.
Para Michael Hugman, analista do sul-africano Standard Bank, a subida dos requisitos de reservas equivale a um aumento das taxas de juro, visando "restringir as condições monetárias domésticas".
Hugman saudou a decisão
como uma medida sensata
Inflectindo em relação à estratégia do anterior governador, o BNA desvalorizou
a cotação oficial do kwanza em mais de cinco por cento na semana passada, para
79 kwanzas por dólar.
Esta cotação corresponde à previsão feita em Março pelos analistas do banco
sul-africano Absa (grupo Barclays), mas o Standard Bank acredita que será
necessário ir mais longe, até aos 85 kwanzas por dólar, para evitar uma
continuação da quebra das reservas estrangeiras.
O ministro da Economia, Manuel Nunes Júnior, considerou "normal" uma "ligeira"
desvalorização e afirmou que no futuro a cotação da moeda angolana será
"flexível, mas controlada".
O ministro disse
na semana passada estar fora de questão
deixar o kwanza flutuar livremente
Como contra peso à entrada de rdos rendiemtjos do petróleo Paul de
Sousa reconheceu ter-se assistido, nos últimos tempos, a um aumento das linhas
de crédito de diferentes proveniências tendo como destinatário Angola mas
acrescentou que tal poderá não ser suficiente para compensar "a redução na
poupança nacional e nos fundos próprios e emprestados pelo Governo" que irá
ocorrer.
A persistência da actual crise em Angola dependerá, em medida decisiva, da
evolução do preço do petróleo, a qual depende, por seu turno, da recuperação da
economia mundial