Um dos obstáculos mais devastadores ao desenvolvimento em África é a mosca tsé-tsé, que causa uma doença às vezes fatal em seres humanos e também no gado. Peritos receiam que o aquecimento global leve a que as moscas se alastrem para novos locais. Uma resposta ao problema está agora a ser desenvolvida
Num local imprevisível, a agência internacional de energia atómica em Viena
Os cientistas estimam que cerca de meio milhão de africanos são afectados pela chamada doença do sono transmitida pela mosca tsé-tsé que se alimenta do sangue humano e de gado. Se não for tratada a doença do sono resulta numa morte lenta e dolorosa.
Vários países africanos tentam combater a doença com insecticidas porque não há vacina contra a mesma e o objectivo a longo prazo da União Africana é erradicar a mosca tsé-tsé do continente.
Isto é algo que se apresenta difícil mas uma nova e inédita tecnologia poderá ajudar a combater a mosca. Radiação está a ser usada para esterilizar as moscas macho que são depois libertadas para neutralizar o aumento do número de moscas. A tecnologia foi desenvolvida pela Agencia Internacional de Energia Atómica em Viena que esta a trabalhar em 14 países africanos com planos para expandir o programa para outros países.
Udo Feldman entomologista da agência disse à Voz da América que na generalidade são os países mais pobre que são afectados, sendo a doença do sono e moscas tsé-tsé um problema de pobreza rural.
Há já vários países que querem fazer parte do programa. O Botswana por exemplo juntou-se à agência unicamente para ter acesso ao programa de esterilização das moscas.
Mas Feldman avisa que o programa não é uma solução mágica e que a sua organização não sugera que "se use a técnica de esterilizar os insectos em todos os países".
O programa tem contudo "algumas vantagens no seu uso contra espécies contra as quais outras técnicas depararam com dificuldades" disse Feldman fazendo notar oor exemplo zonas "onde a vegetação é tão densa que impede os insecticidas de atingirem as moscas".
"É em situações destas que se pode combinar programas convencionais de supressão com as técnicas de esterilizar insectos" acrescentou
A área de África afectada pela mosca tsé-tsé é enorme, mais de oito milhões de quilómetros quadrados, o que é aproximadamente o tamanho dos Estados Unidos. Feldman afirma que o aquecimento global poderá levar ao alastramento dessa zona.
A agência internacional de energia atómica está a tentar diminuir a presença das moscas criando-as naquilo que Feldman descreve de fabricas de moscas que são depois esterilizadas e libertadas. Uma dessas fábricas está já a operar na Etiópia e há planos para construir outra no Burkina Faso..