No mês passado, o presidente da Somália concordou em introduzir no país a Sharia, a lei islâmica, no âmbito de um acordo entre o governo e um grupo rebelde islâmico. A medida deverá ser agora posta à votação do Parlamento da Somália. Enquanto isso realizou-se esta semana aqui em Washington uma conferência no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais analisando precisamente a situação naquele país do Corno de África.
A conferência de terça-feira passada examinou os últimos acontecimentos na Somália e as possibilidades de um maior envolvimento americano e internacional naquela região. Entre os conferencistas contavam-se o representante especial das Nações unidas para a Somália Ahmedu Ould Abdallah e o presidente da subcomissão do senado para África Russ Feingold. A Somália não dispõe de um governo central desde há 18 anos na sequência do derrube do presidente Mohammed Siad Barre em 1991. Desde então líderes tribais e grupos fundamentalistas islâmicos controlam o país.
O senador Feingold apelou ao presidente somaliano Sheik Sharif Sheik Ahmed para que garantisse e mantivesse a paz e prometeu que tentaria angariar fundos para apoiar a estabilização do país. Louvou ainda a administração do presidente Obama por tomar em consideração a situação na Somália que, segundo ele, está ligada a ameaças à segurança americana: " as ameaças à nossa segurança nacional continuam a ser muito reais e precisamos de fazer com que elas sejam parte integrante da nossa estratégia. Estou confiante em que o presidente Obama e a sua administração estão a tomar atenção a essas crescentes ameaças e ao aprofundar da crise na Somália."
Quanto ao representante especial das Nações Unidas para a Somália, Ahmedu Ould Abdallah, afirmou que o conflito da Somália não é único em África e apelou à comunidade internacional para olhar para o problema da Somália no seu todo e não como um caso isolado. Grupos rebeldes fundamentalistas tais como a organização al-Shabaab recusam-se a reconhecer a administração do presidente Sheik Sharif Sheik Ahmed e juraram tomar o país de um modo violento.
O secretário de estado assistente interino dos Estados Unidos, Phil Carter, afirma que a nova administração americana tem pela frente um grave problema de segurança: " a segurança continua a ser o grande desafio na Somália. Apesar das recentes nomeações de um presidente, de um primeiro-ministro e de um gabinete serem encorajadoras, os desafios permanecem. A segurança básica é necessária para que a estabilidade política se instale. Sem estabilidade política a situação de um ponto de vista humanitário e de segurança continuarão periclitantes e a possibilidade de pirataria ao longo da costa da Somália vai continuar, concluiu o diplomata americano.
A conferência sobre a Somália aqui em Washington terminou com o consenso de que é necessário todo o apoio internacional para ajudar a nova administração somaliana nos seus esforços de reconstrução e de restauração da paz e da estabilidade.