O assassinato de Nino Vieira e do chefe de estado-maior general das forces armadas Batista Tagma na Waie fez levantar suspeitas de disputas envolvendo o crescente tráfico de drogas através do país. Douglas Farah um especialista na questão de tráfico de drogas disse à Voz da América não haver de momento informação que ligue directamente o assassinato de Nino de Vieira a grupo da droga.
Farah fez notar que se estados "competentes" como o México e a Colômbia foram quase que tomados pelos traficantes de droga pequenos estados como a Guiné-Bissau só tem qualquer possibilidade de evitar isso em unidade com outros países. Caso contràrio a Guine Bissau será o primeiro de muitos países da região a serem controlados por esses traficantes.
Farah sublinhou não saber se a droga tinha tido qualquer papel nos assassinatos mas acrescentou não poder haver dúvidas sobre o seu papel na instabilidade no país
"Quando se introduz o tipo de recursos que os traficantes de drogas introduziram num pequeno país como a Guiné-Bissau onde não há praticamente outros recursos, isso resulta em grandes tensões e numa luta por esse recursos" disse o especialista.
"Fica-se portanto à mercê de interesses estrangeiros como os traficantes de drogas da Colômbia e Venezuela havendo epois uma luta para ver quem pode oferecer melhor protecção. Tudo isso é muito destabilizador" acrescentou.
Douglas Farah fez ainda notar que o problema já não 'é só um problema para a Guiné-Bissau mas sim para toda a região da África ocidental. O pior, diz Farah, é que não há qualquer sinal na região que haja vontade em combater o tráfico de drogas fazendo notar que "infelizmente na África ocidental a Guiné Bissau já não é um caso isolado".
Para Farah a a Guiné-Conackry, a Serra Leoa, a Libéria e também a Nigéria são agora grandes centros de trânsito de drogas a caminho da Europa e para outros mercados mesmo para a própria África.
Farah fez notar que esses países estão "submergidos numa cultura de corrupção e de fraquezas institucionais" pelo que "é pouco provável que tomem quaisquer medidas".
Farah firsou que há indivíduos em quase todos os países que se opõem a esta situação e que travam lutas extremamente difíceis contra os traficantes e a sua corrupção. Mas acrescentou não haver qualquer resposta sistemática e organizada a nível regional, duvidando ainda que isso venha a acontecer.
O especialista disse ainda há voz da América que o problema afecta principalmente os países europeus para onde vão a maior parte das drogas mas a resposta europeia tem sido muito lenta.
Para os estados Unidos, disse ele, isto é um problema que diz essencialmente respeito aos europeus embora Washington esteja preocupada pelo facto dos lucros desses tráfico irem para grupos que operam na americana latina como as FARC, as forças armadas revolucionárias da Colômbia.