Um correspondente do diário New York Times avisou que o Quénia poderá estar à beira de uma nova explosão social e política.
Numa reportagem datada de Nairobi Jeffrey Gettleman avisou que "um ano após o país ter explodido numa onda de violência sangrenta étnica há novamente problemas no horizonte".
O correspondente do New York Times explicou que "dez milhões de pessoas fazem face à fome em parte porque os agricultores que o ano passado fugiram das zonas vitais de produção agrícola não regressaram e vez disso retiraram-se ainda mais para os seus enclaves étnicos e de medo".
" Ao mesmo tempo a confiança do povo no governo queniano está em queda vertiginosa" acrescentou
Tendo em conta que o governo do Quénia é um governo de unidade formado após os confrontos étnicos resultantes das controversas eleições isto poderá ser uma lição para o o Zimbabwe. Neste país um governo de unidade foi também formado após violência e como resultado de eleições parlamentares ganhas pela oposição.
Scott Baldauf do Christian Science Monitor fez notar que há receios que o partido do presidente Robert Mugabe a ZANU-PF pode estar a tentar provocar senão mesmo sabotar o governo continuando a actuar como actuava antes.
Um analista sul-africano é citado pelo jornal como tendo afirmado que o equilibro de força no governo favorece a ZANU que continua a controlar todo o aparato de repressão.
Ainda sobre o Zimbabwe o Washington Post publicou ontem uma excelente reportagem sobre o sistema de ensino no país. Foi em tempos o melhor de África fazendo com que 90 por cento da população seja alfabetizada. Hoje está à beira do colapso total, afirma a reportagem.
Hutus regressam ao Ruanda
Stephanie McCrummen do Washington Post foi a Kinigi no Ruanda para de lá escrever uma reportagem sobre o regresso ao país de rebeldes Hutus que até agora estavam baseados na vizinha Republica Democrática do Congo.
KMcrummen diz que no Ruanda aqueles que sobreviveram ao genocídio são encorajados a perdoar e viverem em aldeias com os antigo assassinos e desencorajando menções as suas origens étnicas.
Acrescentou a correspondente do Washington Post que "no caso dos rebeldes que regressam o governo está a fazer uso de um uma espécie de campo de treino que tem como objectivo transforma-los em cidadãos modelo".
"Autocarros cheios de antigos rebeldes estão a chegar ao campo Mutobo formado por habitações de telhado de zinco em relvados bem cuidados entre montes e colinas verdejantes a pouca distância da fronteira do Congo" acrescentou
A correspondente afirma que nesse campo os antigos rebeldes e suas famílias passam alguns dias antes de receberem autorização para regressarem as suas terras e aldeias.
No que diz respeito a crimes de Guerra Scott Baldauf do Christian Science Monitor escreveu uma reportagem sobre a decisão do tribunal internacional para a Serra Leoa de condenar três comandantes das antigas forças rebeldes do país por crimes contra a humanidade.
Escreveu Baldauf que "os efeitos da decisão do Tribunal Internacional estão já a sentir – se através do continente e do mundo".
"Tendo sido anunciado apenas uma semana antes do tribunal penal internacional emitir o seu esperado mandato de captura contra o presidente do Sudão Omar Al Bashir e tendo em conta o julgamento do antigo presidente da Libéria Charles Taylor, a decisão estabelece um precedente duro sobre as consequências de crimes de Guerra" escreveu Baldauf
Baldauf afirmou por outro lado que há grande controvérsia sobre a possibilidade de um mandato de captura contra o presidente sudanês. Os apoiantes afirmam tratar se de uma vitória contra os responsáveis pelo genocídio mas países como Egipto avisam que o mandato poderá ser "uma caixa de Pandora" com consequências imprevisíveis. O Egipto que faz fronteira com o Sudão e que vê a emissão do mandato de captura como um possível desastre. Escreveu Baldauf que "críticos do Tribunal Penal Internacional e apoiantes de Bashir argumentam que tentar agora prender Bashir num ano de eleições em que estão em jogo as relações com os antigos secessionistas do sul e com os rebeldes de Darfur poderá resultar apenas na deterioração da situação para o povo sudanês".
"Um acordo entre Kartum e o sul do Sudão poderá desmoronar-se e o conflito de Darfur poderá aumentar se os rebeldes sentirem que não faz sentindo negociar com o governo de Kartum" escreveu o correspondente do Christian Science Monitor.