Apesar do dirigente da oposição do Zimbabwe, Morgan Tsvangirai, ter acordado em participar num governo de unidade no Zimbabwe há grandes duvidas na imprensa americana que esse governo possa ter sucesso.
Karin Brulliard do Washington Post disse numa reportagem que alguns membros da oposição acreditam que com o controlo das finanças, saúde e educação o Movimento para Mudança Democrática poderá canalizar recursos para prioridades ligadas às necessidades do povo zimbabueano o que terá um impacto no país. Mas Brulliard acrescentou haver dúvidas "nomeadamente sobre se Mugabe irá cooperar com um homem que há uma década é o seu principal inimigo político ou se o vai tentar destruir".
"Ao longo dos últimos anos Tsvangiari foi agredido, preso, acusado de traição e impedido de viajar pelas autoridades de Mugabe" recordou a correspondene do Washington Post que fez ainda notar que ao abrigo do acordo Mugabe continuará a controlar as forças de segurança.
Robyn Dixon do Los Angeles Times expressou as mesmas dúvidas quanto ao sucesso do acordo e fez notar que essas dúvidas se estendem aos países ocidentais que terão que jogar um papel importante senão mesmo fundamental na reconstrução do país.
"Muitos analistas acreditam que o governo de unidade poucas possibildiades tem de resolver a crise no país," escreveu Dixon. "Essas fontes avisam que a ajuda ocidental - essencial para se reconstruir este país empobrecido – não deverá chegar ao país enquanto Mugabe reter o controlo sobre as forças de segurança e militares" acrescentou o correspondente do Los Angeles Times que disse ainda que "diplomatas ocidentais afirmam que a ajuda depende de provas práticas de reformas económicas e políticas genuínas e fazem notar que o historial de Mugabe de não cumprir promessas poderá ser algo de problemático".
Ruanda Torna Missão da ONU no Congo Irrelevante.
A situação no Congo foi outro assunto africano que mereceu atenção especial dos jornais americanos na semana passada.
Em foco esteve a entrada de tropas do Ruanda no Congo num acordo secreto com o governo congolês. Por esse acordo o Ruanda pôs termo ao seu apoio às milícias do general Laurent Nkunda – que foi preso – e em troca o Congo permite que as tropas ruandesas ataquem forças rebeldes hutus que estão baseadas na parte leste do Congo.
Jina Moore do Christian Science Monitor escreveu uma reportagem datada de Kigali no Ruanda que faz notar que a missão da ONU no Congo - que ali tem uma força de 17.000 soldados - não foi informada do acordo e da entrada das forças ruandesas.
Moore disse haver duvidas que as tropas ruandesas possam destruir as milícias Hutus mas que a sua entrada poderá causar grandes danos à reputação da ONU.
"Ao enviar apenas 3.500 soldados para o Congo um dos mais pequenos países de África pôs em causa a relevância da maior força de manutenção de paz da ONU no mundo" escreveu a correspondente do Christian Science Monitor.
A correspondente alertou para o facto de não se saber como é que a força da ONU irá defender civis se as forças ruandesas iniciarem acções que ponham essas populações em perigo. Na semana passada ruandeses e congoleses impediram já a ONU de entregar ajuda humanitária a deslocados de uma recente ofensiva.
Stephanie McCrummen do Washington Post avisou numa reportagem datada de Nyamilima no Congo que a operação dos ruandeses será "brutal e suja".
"Grupos de direitos humanos avisaram que a operação poderá rapidamente transformar-se num banho de sangue para civis que vivem em vilas como Nyamilima," escreveu McCrummen.
"A maior parte das pessoas neste local são do mesmo grupo étnicos que as milícias Hutus das chamadas Forças Democráticas de Libertação do Ruanda. Cerca de 15.000 mulheres e crianças vivem com combatentes em aldeias e campos no mato" acrescentou
McCrummen fez notar ainda na sua reportagem - titulada "No Congo Novas Ansiedades" - as dificuldades da aliança entre tropas governamentais congolesas e ruandesas que se combatiam até há pouco tempo e ainda o facto dessas tropas congolesas terem apoiado os rebeldes hutus.