O governo queniano anunciou que a comissão anti-corrupção do Quénia vai começar a investigar as acusações de corrupção na distribuição de cereais. De acordo com as mais recentes alegações, carregamentos de cereais, no valor de dois milhões de dólares foram desviados para o vizinho sul do Sudão para vendas a mais altos preços. As acusações assumiram maior peso quando o governo anunciou na sexta-feira que o Quénia enfrenta escassez alimentar, necessitando de ajuda de emergência aos cerca de 10 milhões de quenianos em risco.
Nas últimas duas semanas, os directores do oleoduto de propriedade estatal, e da junta nacional do turismo, foram implicados em escândalos de corrupção, criando dúvidas sobre a viabilidade do governo de coligação no Quénia, formado em Abril passado para combater a corrupção. O chefe do grupo anti-corrupção, Transparencia Internacional, no Quénia, Job Ogonda, disse que a coligação que integra os dois partidos principais da oposição, pode estar a facilitar a corrupção.
"Esperávamos que um governo de coligação poderia tornar a corrupção mais difícil mas pelo contrário provas indicam que a pratica se está a tornar mais fácil devido a falta de coordenação entre as facções no seio da coligação e que se protegem umas às outras na prática da corrupção contra o povo" disse Ogonda.
As alegações de corrupção intensificaram as cisões no seio do governo da coligação tal como afirmou a Ministra de Justiça, Martha Karua, aliada do Presidente Mwai Kibaki, que acusa os responsáveis do Ministério de Agricultura de venderem em contrabando carregamentos de produtos alimentares.
Esta semana, cinco legisladores do partido do Presidente Mwai Kibaki atribuíram à facção de Raila Odinga a responsabilidade pela escassez alimentar. O membro do Parlamento, Johnstone Muthama disse que Odinga está a facilitar a prática da corrupção ao bloquear a criação de uma autoridade investigadora no porto principal de descarga, em Mombassa.
"O Primeiro-ministro está envolvido desde o início na questão da escassez de alimentos" disse Muthama.
"Foi surpreendido e apanhado no acto por Jaffa, proprietário da terminal da descarga de cereais em Mombaça e tenho prova e fotografias que vou publicar em tempo apropriado" acrescentou.
Odinga e os aliados rejeitam as alegações, tendo o ministro oposicionista, James Orengo, acusando a facção de Kibaki de fazer política.
As alegações de corrupção constituem o exemplo mais recente de problemas que dividem a coligação para além de problemas da reforma do sistema eleitoral e da lei para o controlo e regulamentação da imprensa.