O jornal New York Times publicou no Domingo uma reportagem datada de Chegutu no Zimbabwe sobre um acontecimento que passou quase despercebido pela imprensa internacional e que tem talvez mais valor pelo seu simbolismo do que pelas suas consequências praticas.
Um tribunal da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral SADC decidiu ouvir queixas de agricultores brancos zimbabwianos e o juiz chefe do tribunal, o moçambicano Luís Antonio Mondlane, decidiu que o governo do Zimbabwe tinha violado as suas obrigações ao abrigo do tratado da SADC, nomeadamente no respeito pelos direitos humanos, democracia e primado da lei.
Talvez mais importante foi o facto deste tribunal ter rejeitado as declarações do governo do Zimbabwe de que a confiscação das terras dos cidadãos brancos se destinava a corrigir injustiças da era de dominação branca, acusando o governo de Robert Mugabe de discriminação racial contra os agricultores brancos. O tribunal fez notar que as expropriações tinham beneficiado quase que exclusivamente os membros do partido no poder.
Acrescentou a correspondente Celia Dugger do New York Times que "a decisão indica que um crescente número de africanos de influencia, entre os quais dirigentes religiosos e agora juristas estão a fazer frente a Robert Mugabe, o presidente e herói da libertação do Zimbabwe pelas violações dos direitos humanos e da lei, isto apesar da maior parte dos chefes de estado da região continuarem a resistir tomar medidas duras para isolar o seu governo".
A salientar que esta reportagem se centrou no facto de alguns agricultores zimbabwianos brancos continuarem a tentar resistir à confiscação arbitrárias das sua terras. A reportagem detalha com fotos o espancamento e tortura a que alguns desses agricultores foram submetidos e foi titulada "Agricultores Brancos confrontam Mugabe em Batalha Jurídica".
Também no Domingo Donald McNeil que foi durante algum tempo correspondente do New York Times na África Austral, publicou um artigo de opinião sobre a formação de um novo partido na África do Sul.
McNeil faz notar que o Congresso Nacional Africano, o ANC, possui uma maioria parlamentar de quase 70 por o que torna o país na prática num sistema uni partidário. Escreveu McNeil que com essa maioria o partido "pode aprovar qualquer lei ou mesmo rescrever a notável constituição do país" e que o actual presidente do ANC Jacob Zuma pode esmagar qualquer tentativa de limitar o seu poder.
"Essa tendência já começou com o desmantelamento da unidade antio corrupção da polícia, os Escorpiões; acções em tribunal por difamação contra críticos de Zuma incluindo contra caricaturistas de jornais e expressões abertas de oposição contra juízes por parte de funcionários do partido" acrescentou Donald McNeil.
Talvez por isso McNeil saudou a recém criação do novo partido Congresso do Povo, Cope, como algo de positivo e como algo também capaz de ultrapassar o tribalismo que, segundo diz, tem marcado a política sul africana com um partido para os Afrikaners, outros para os brancos de língua inglesa outros para os Zulus e depois o ANC acusado de ser dominado pelos Xhosas que contudo sempre incluiu "membros de todas as etnias nos seus governos".
Para o antigo correspondente do New York Times é preciso aguardar para vêr que dirigentes o novo partido conseguirá atrair e "mais crucial para a democracia será vêr se vai haver violência".
O Washington Post fez num editorial uma análise pessimista às possibilidades de resolução do conflito na Somália. Para o Post "a não ser que Bush escolha enviar os 'marines' para Mogadishu nenhuma força internacional irá salvar a Somália".
Para o influente diário da capital americana "a Somália poderá tornar-se numa base para operações terroristas em redor da região ao mesmo tempo que os piratas continuam a ameaçar as linhas de navegação internacionais".
"A Somália requer um esforço de reconstrução da nação patrocinado, apoiado financiado e senão mesmo levado a cabo por potências estrangeiras" opinou o jornal acrescentando que "A verdade triste é que nem as Nações Unidas nem outra organização ou aliança está altura dessa tarefa.