Embora a eleição presidencial tenha resultado num impasse, e a Câmara Baixa do Parlamento se encontre ainda paralizada, as sondagens referentes às eleições das autárquias nos principais centros urbanos, dão a maioria ao movimento oposicionista MDC, de Morgan Tsvangirai. Os candidatos da oposição ganharam em todos os centros urbanos, excepto num dos 46 distritos eleitorais da capital.
A última vez que o partido de Tsvangirai desafiou com sucesso o Partido ZANU-PF pelo controlo da capital foi nas presidenciais de 2002, quando o presidente da camara municipal de Harare e a sua vereação foram todos exonerados.
Desde então e até às eleições de Julho passado, uma comissão governamental passou a governar a capital zimbabueiana ,quando uma nova edilidade foi eleita e empossada, cooperando sem grandes problemas com o Ministro das Autarquias Locais, do Partido ZANU-PF.
Mas os atrasos na formação do novo gabinete de partilha de poder, tem tido um impacto negativo nos trabalhos de planeamento do novo Conselho Municipal de Harare, como afirma Emmanuel Chiroto, vice-presidente camarário: ”A todos os níveis desta edilidade, os funcionários estão hesitantes em tomar decisões. Reunimo-nos, adoptamos resoluções, mas não temos apoio financeiro para os nossos planos. Não podemos levar nada por diante enquanto a situação continuar como está. Necessitamos de um governo como no passado, por forma a podermos aliviar o sofrimento do povo deste país” palavras de Emanuel Chiroto da edilidade de Harare.
Mas a situação não tem sido mais fácil para alguns membros dos conselhos municipais dos centros urbanos do país. Emmanuel Chiroto diz que o seu partido controla a maioria dos municípios atravês do Zimbabué, o que não parece agradar ao Partido ZANU-PF.
O Ministro das Autarquias Locais está autorizado por lei a nomear um quarto do número total dos vereadores municipais, como representantes de interesses especiais. Alguns vereadores têm-se queixado do facto do ministro continuar a nomear membros do Partido-ZANU-PF, derrotados nas últimas eleições, sendo em alguns casos nomeações superiores às maiorias eleitas do MDC.
Chiroto disse que o Ministro das Autarquias Locais ainda não tentou fazer o mesmo relativamente a Harare.
”Não temos aqui em Harare o caso da nomeação de elementos que perderam as eleições para a câmara. Pessoalmente, ser-me-ia muito difícil ter que trabalhar com um indivíduo que derrotei nas eleições em Hactcliff, tendo em conta que nas zonas rurais esses vereadores têm o direito de voto podendo o seu voto afectar algumas decisões que membros eleitos tenham tomado.”
De momento, porém, Chiroto, tal como todos outros zimbabueianos esperam que a criação de um gabinete de unidade nacional, tal como foi acordado pelos partidos no mês passado, possa, pelo menos, esclarecer de alguma forma a situação com vista à melhoria da vida dos zimbabueianos.