No Zimbabué, o secretário-geral do Movimento
para a Mudança Democrática afirma que o presidente Robert Mugabe não está
preparado para criar um governo genuinamente de cooperação, ao abrigo do acordo
de partilha de poder.
Tendai Biti, que falava numa conferência de imprensa em Harare disse que o acordo de partilha de poder negociado durante semanas tinha já sido alterado quando foi, pela primeira vez, anunciado publicamente a 15 de Setembro, e que deixava áreas pouco claras que precisavam ser definidas.
Biti acusou o governo zimbabueiano de ”castrar as liberdades básicas” e de não ser sincero para cooperar no acordo de partilha de poder entre a ZANU-PF e o MDC. Apesar das diferenças terem sido discutidas numa reunião de líderes regionais chave, que teve lugar segunda-feira, em Harare, no encontro não se conseguiu ultrapassar o impasse que agora existe no acordo.
Mas os dirigentes regionais concordaram em convocar uma reunião dos 15 membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, para ali discutirem os problemas que agora se levantam entre as partes.
responsáveis regionais dizem que a reunião poderá ocorrer nas próximas semanas, numa tentativa para persuadir Mugabe as facções da oposição a porem em vigor o acordo, visto como vital para retirar o Zimbabué da dificílima situação económica que vive.
O acordo embateu na problemática da distribuição de postos ministeriais. O principal obstáculo chama-se ministério do Interior, que tem a seu cargo a polícia.
Biti diz que o MDC assinou o documento de boa fé. Mas que a ZANU-PF não teve uma atitude de sinceridade ao entrar em acordo para a partilha de poder, num governo de unidade nacional.
Biti acrescentou que a falta de sinceridade da ZANU-PF era evidente no número de activistas presos na segunda-feira. E notou também a contínua detenção da líder dos direitos das mulheres, Jeni Williams, e duas colegas, bem como os espancamentos de estudantes, nos primeiros dias do mês.
Biti nota que o acordo refere também a criação do Conselho de Segurança Nacional, de que seria membro o primeiro-ministro designado Morgan Tsavangirai. O documento, contudo, não explicita quem mais estaria envolvido e como o conselho iria operar. E para entrar em vigor era preciso legislação que o criasse.
Representantes da SADC e o antigo presidente sul-africano Thabo Mbeki estiveram reunidos 13 horas na segunda-feira tentando ultrapassar os entraves. Mbeki está envolvido nas negociações para resolver a crise zimbabueiana desde Abril de 2007.
Negociações para uma nova Constituição antes das eleições de Março fracassaram quando Mugabe decidiu ir em frente com a realização do escrutínio sem qualquer acordo constitucional.
O MDC bateu por escassa margem a ZANU-PF nas legislativas, e Tsvangirai obteve mais votos que Mugabe na primeira ronda das eleições presidenciais.