Uma destacada funcionária da actual administração americana afirmou que Washington deseja cooperar com a China na ajuda ao desenvolvimento de África
A Secretaria de Estado Assistente americana para os Assuntos Africanos, Jendaye Frazer, admitiu a existência de oportunidades, para que os Estados Unidos e a China cooperem com a África na construção de infra-estruturas e em sectores tais como a agricultura e a saúde.
Ainda segundo Jendaye Frazer, a ajuda coordenada Estados Unidos-China poderia evitar a duplicação de projectos e conduzir a uma situação de maior racionalidade e eficiência de utilização dos recursos.
Mas, para que essa tal cooperação conjunta aconteça, sublinhou Jendaye Frazer, a China necessita ser mais transparente na concessão de financiamentos e nos critérios de alívio da dívida aos países africanos. Disse Frazer: "Certamente que estamos preocupados com o facto da modalidade de empréstimos, praticada pelos chineses, minar os nossos esforços em evitar que a África acumule dívidas insustentáveis. Nós não pretendemos ver as dívidas serem canceladas, por um lado, e, por outro, a China levar os países africanos a um endividamento insustentável".
Jendaye Frazer proferiu estas declarações no âmbito de um evento que teve lugar na conceituada Universidade de Pequim.
A China adquire montantes astronómicos de matéria-prima e recursos energéticos de África, contribuindo assim para o crescimento da economia do continente.
Entretanto, Pequim tem sido, por outro lado, bastante criticado por vender armas a governos africanos que figuram na lista negra dos países ocidentais, pela sua má performance em termos de observação dos direitos humanos.
A Secretária de Estado Assistente americana para os Assuntos Africanos, Jendaye Frazer, acredita que, na medida em que a China se for envolvendo mais com a África, Pequim tenderá a alterar a sua política de não interferência nas questões internas dos países africanos. Disse Frazer: "Suspeito que a China acabará por se aproximar da nossa posição. E penso que é verdade, já que a China, à medida que investir e celebrar mais contratos, por exemplo no Congo e nos demais países, sentir-se-á tentada a promover o primado da lei".
Frazer não precisou os contornos do alegado plano de cooperação Estados Unidos-China com a África, mas admitiu ter encorajado Pequim a endossar a Iniciativa de Transparência para a Indústria Extractiva em África.
A iniciativa em questão propõe uma maior transparência financeira por parte das companhias estrangeiras de extracção de recursos em África, para além de posturas anti-corrupção e o eficiente uso dos recursos extraídos do continente.
Como nota de rodapé, sublinhe-se que a intervenção de Pequim no Sudão, no sentido de pressionar Cartum a cooperar nas conversações de paz para a região de Darfur foi determinante e bastante saudada pela comunidade internacional.