Kgalema Motlanthe foi hoje eleito Presidente da República
da África do Sul pela Assembleia Nacional, com 269 votos a favor.
Motlanthe, de 59 anos, torna-se assim o terceiro chefe de Estado desde o
nascimento da democracia multirracial na África do Sul em 1994, depois de
Nelson Mandela e Thabo Mbeki, que apresentou durante o fim-de-semana a sua
demissão da liderança do partido no poder, o Congresso Nacional Africano.
Motlanthe – considerado um intelectual de esquerda – substitui Mbeki até às
próximas eleições, previstas para Abril do próximo ano.
Motlanthe é um ex-activista estudantil, ex-sindicalista e antigo soldado do
braço militar do ANC. Em 1977 foi condenado a dez anos de prisão e encarcerado
na Ilha de Robben junto com Nelson Mandela e Zuma. Já em liberdade, atinge o
cargo de secretário-geral do ANC em 1997 e torna-se o seu vice-presidente dez
anos depois, em 2007.
O resultado da votação no parlamento nunca esteve em duvida, mas o processo de eleição de Mothlanthe foi rigorosamente seguido tendo sido iniciado com o pedido do Juiz presidente Pius Langa para nomeação.
A Aliança Democrática , o maior partido da oposição no parlamento nomeou o candidato Joe Seremane, mas com uma maioria de dois terços na câmara, o candidato do ANC seria sempre o vencedor.
O Presidente Mothlanthe e se assim se pode dizer uma figura algo opaca para os sul africanos.
Uma sondagem publicada no inicio desta quinta feira em que os inquiridos eram perguntados se apoiavam a sua candidatura, e aquilo que conheciam dele, recebeu um índice de quatro em cada dez.
Ironicamente ate mesmo os apoiantes do ANC colocaram no apenas em quinto lugar, com a maioria a indicar que não o conheciam suficientemente para terem uma opinião formada.
Foi alias precisamente esta quinta feira que os sul africanos souberam pela primeira vez que Mothlanthe nascera a 21 de Julho de 1949, em Alexandra, actualmente um subúrbio de Joanesburgo.
Julga-se que seja casado e pai de três filhos, já que a biografia divulgada pelo ANC nem incluiu as habilitações literárias.
Em 1976 foi detido sem julgamento durante dez meses e no ano seguinte condenado a 10 anos de cadeia por ofensas contra o estado segregacionista.
Libertado em 1987, Mothlante aderiu ao movimento sindical e em 1997 foi eleito secretario geral do ANC um cargo que manteve ate ser eleito, em Dezembro do ano passado, vice-presidente do partido.
Recebeu trezentos e sessenta votos de um total possível de quatrocentos, com 41 anulados, uma forma utilizada com frequência pelos sul africanos para manifestar desagrado pelos candidatos ou pelo processo.
O candidato da Aliança Democrática recebeu 50 votos, e Mothlanthe 269 ou, seja 28 votos a menos do que os numero dos membros do ANC no parlamento.
O anuncio do vencedor por parte do Juiz Langa foi breve.
'Declaro Kgalema Petros Mothlanthe formalmente eleito presidente da Republica da África do Sul.'
Antes de discursar perante a Câmara, o presidente Mothlanthe escutou as intervenções de uma serie de elementos dos partidos da oposição, que apesar de acolherem a nomeação, alertaram para o facto de ter chegado a altura de colocar o pais acima das divisões partidárias.
Por seu lado, Mothlanthe aceitou o cargo numa intervenção curta tendo seguido depois para a sua residência para prestar juramento.
'Eu, Kgamela Petros Mothlanthe, juro ser fiel a Republica da África do Sul, e obedecer, preservar, e manter a Constituição, e todas as outras leis da Republica, e prometo solene e sinceramente que sempre promoverei o avanço da Republica, e me oporei a todos que a queiram danificar.'
No discurso perante o parlamento, o novo presidente afirmou que não vai alterar as políticas que permitiram a África do Sul um crescimento económico sustentado, e prometeu aumentar as iniciativas para a criação de mais postos de trabalho.
Anunciou igualmente que o novo gabinete ira incluir a maioria dos ministros do antigo governo, incluindo o respeitado ministro das Finanças, Trevor Manuel.