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Preso Radovan Karadzic, Um dos Mais Notórios Fugitivos da Justiça


A prisão, ontem, segunda feira, de Radovan Karadzic, pôs fim a uma busca de 13 anos para capturar um dos mais notórios fugitivos da Justiça, envolvido com as piores atrocidades cometidas na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Radovan Karadzic foi o líder sérvio-bósnio na guerra na Bósnia-Herzegovina, de 1992 a 1995. Foi indiciado em 1995 pelo tribunal internacional de Haia para crimes de guerra devido ao papel que teve no assassinato de civis durante o cerco de 43 meses da capital da Bósnia, Saravejo. Foi também acusado de genocídio por ter sido o cérebro por trás da matança de oito mil muçulmanos, naquela que tinha sido uma área protegida pelas Nações Unidas em Srebrenica, na Bosnia oriental. Karadzic entrou na clandestinidade em 1997, e desde então tem vivido como fugitivo da Justiça.

O analista político Ivan Vejvoda, director do Balkans Trust for Democracy, em Belgrado, disse que a prisão de Karadzic foi uma boa noticia para os Bálcãs e para o mundo, e serviu de consolo para as vitimas das guerras dos anos de 1990 na ex-Iugoslávia.

“Trata-se também de uma prova importante de que o governo de Belgrado colocou em prática o que tinha declarado retoricamente, isto é, demonstrou que tem a vontade política de tomar a iniciativa e de dar prioridade ao dever de prender aquelas pessoas indiciadas por crimes de guerra e que continuavam a escapar da justiça”, disse Vejvoda.

Radovan Karadzic tem 63 anos. Seus pais foram sérvios originários da república de Montenegro, na antiga Iugoslávia. Treinado como psiquiatra, actuou em certa ocasião como medico assistente de um clube de futebol. Publicou também um livro de poesia antes de se tornar activo no campo político.

Em 1989, foi co-fundador do Partido Democrático Sérvio da Bosnia-Herzegovina. Opôs-se veementemente à ideia da independência da Bósnia, e advertiu que a maioria muçulmana do território não seria capaz de se defender no caso de haver uma guerra civil. Em 1992, proclamou a independência da parte sérvia da Bósnia e apontou a si mesmo como Presidente.

Seu principal colaborador durante a guerra na Bósnia, general Ratko Mladic, foi também acusado de genocídio por seu papel no massacre de Srebrenica e no cerco de Saravejo. Mladic tem estado foragido e circularam rumores de que os dois homens tinham conseguido refúgio na Sérvia.

Ivan Vejvoda diz que a prisão de Mladic não vai demorar. Segundo ele, “havia a expectativa de que com a instalação do novo governo pro-Ocidente e pro-Europa em Belgrado, Mladic seria o primeiro a ser preso. Portanto, foi uma surpresa para todo o mundo Karadzic ter sido o primeiro, porque havia a impressão de que ele estava escondido na Bósnia ou a circular entre Bósnia, Sérvia e Montenegro”.

Fontes da União Européia consideraram a prisão de Karadzic como um evento de grande importância. O promotor-chefe do Tribunal de Crimes de Guerra disse que a data da transferência do prisioneiro para Haia está ainda para ser decidida. Ivan Vejvoda acha que isso não vai demorar muito.

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