O presidente Bush afirmou hoje que os Estados Unidos e a Europa devem unir forças para impedir que o Irão desenvolva armas nucleares. Disse o chefe da Casa Branca: «Um país sozinho não pode resolver todos os problemas. Concordo totalmente com isso. Mas um grupo de países pode mandar uma mensagem clara aos iranianos e a mensagem é esta: nós vamos continuar a isolar Teerão. Vamos continuar a impor sanções e, se for necessário, encontraremos novas sanções. Se vocês continuarem a negar os pedidos – justos – por um mundo livre».
Líderes dos Estados Unidos e da União Europeia que participaram desta cimeira de Lubliana, na Eslovénia, reiteraram a necessidade de avançar com novas sanções ao Irão, para além das que foram impostas até agora pelas Nações Unidas. Isto, evidentemente, se o Irão se recusar a suspender o seu programa de enriquecimento de urânio.
O presidente norte-americano considera que o Irão nuclearmente armado seria um lugar perigoso. Diz Bush que Teerão tem de tomar uma decisão. «Das duas, uma. Ou eles enfrentam o isolamento, ou poderão ter melhores relações com todos nós se conseguirmos comprovar que suspenderam o seu programa de enriquecimento de urânio», afirmou.
Se em relação ao Irão parece ter havido consenso, o mesmo não se pode dizer em relação a um outro item da agenda de negociações, o que se refere às mudanças climáticas. Durante uma conferência de imprensa realizada após a cimeira, o presidente Bush reiterou sua oposição às restrições impostas aos gases responsáveis pelo chamado «efeito de estufa». Bush, no entanto, manifestou-se esperançoso em relação à possibilidade de se definir uma estratégia comum. «Quero que saibam que eu acredito que – ainda durante o meu mandato – poderemos chegar a um acordo global sobre mudanças climáticas».
O primeiro-ministro da Eslovénia, país que neste momento preside à União Europeia, representou os 27 membros do bloco nesta cimeira. Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, que também marcou presença no encontro, afirmou que é importante que ela tenha sido realizada num país com uma democracia relativamente jovem. Fruto de um crescimento pós-guerra fria que acontece no seio da União Europeia.
«E agora nós temos, do Atlântico ao Mar Negro, do Mediterrâneo ao Mar Báltico, países democráticos vivendo juntos e em paz», afirmou Durão Barroso.
Foi longa a agenda desta curta cimeira Estados Unidos-União Europeia. Desde o Médio Oriente à disputa transatlântica em relação ao acesso dos mercados europeus ao frango norte-americano. No que se refere ao item segurança, houve uma demonstração de valores comuns e um apelo à China para que dialogue com o Tibete e com representantes do Dalai Lama, seu líder espiritual. A cimeira apelou igualmente ao Zimbabwe para que pare com a violência e com as acções de intimidação, assegurando uma votação livre e justa durante a segunda volta das presidenciais, marcada para o dia 27 deste mês.
A cimeira Estados Unidos-União Europeia foi realizada num castelo da capital Eslovénia. Exactamente no mesmo lugar em que, em 2001, o Presidente Bush se encontrou, pela primeira vez, com o seu homólogo russo, Vladimir Putin. Foi nessa ocasião que Bush fez a famosa declaração de que olhou nos olhos de Putin e conseguiu ver a sua alma.
No fim da cimeira com os líderes europeus, o tom da voz de Bush deixava transparecer uma certa nostalgia. «Minha primeira visita como presidente dos Estados Unidos incluiu uma paragem na Eslovénia. A minha última visita como presidente dos Estados Unidos incluiu uma paragem na Eslovénia. É o encerramento de um ciclo», concluiu.
Da Eslovénia, Bush parte para uma digressão a quatro países europeus: Alemanha, Itália, França e Inglaterra.