A Organização Mundial de Saúde, OMS, advertiu que centenas de milhar de vítimas do devastador ciclone Nargis, na Birmânia, se deparam agora com uma crise sanitária potencialmente grave.
Cerca de dois milhões e meio de pessoas foram afectadas pelo ciclone Nargis. Várias centenas de milhar de birmaneses encontram-se sem abrigo e sem acesso a água potável. Essas são realidades que estão a preocupar grandemente a OMS. O sub-director daquela agência da ONU, Eric Laroche, afirmou que as agências humanitárias não poderão avaliar a verdadeira dimensão da crise, enquanto os seus funcionários não forem capazes de se deslocarem a regiões que lhes têm estado até agora vedadas. Acrescentou, contudo, que as principais ameaças são as doenças infecto-contagiosas tais como a diarreia, a pneumonia, o tétano, o sarampo e a cólera. Acrescentou que as populações afectadas pelo ciclone estão também sujeitas a surtos de paludismo e febre de dengue, que são habituais naquela região na época das chuvas. Disse Laroche: ”Se não formos capazes de identificar imediatamente os primeiros casos, o princípio de uma potencial epidemia, então estaremos perante um grave problema. De facto, para fazer frente a uma situação do género , tudo tem que estar no local, o tratamento tem que estar no local e nós temos que ter acesso a essas zonas.”
Eric Laroche afirma, por outro lado, que serão necessários, pelo menos, 28 milhões de dólares para pôr em prática o plano de acção nos próximos seis meses. No âmbito do plano, disse ele, os funcionários sanitários avaliarão as necessidades e fortalecerão o rastreio de doenças e outras ameaças à saúde pública. Aquele responsável da OMS referiu também que o ciclone destruiu cerca de 50% do sistema sanitário nas regiões afectadas e salientou que o plano da sua agência prevê a reconstrução de infra-estruturas com capacidade para resistirem a futuros desastres naturais. Laroche disse ainda que é fundamental que as pessoas que estão a passar fome tenham rapidamente acesso a alimentos para permanecerem fortes. Pessoas que ficam subnutridas, explicou, ficam demasiadamente fracas para lutar contra as infecções.