Na Guiné Conackri, políticos da oposição saudaram a exoneração do primeiro-ministro do Lansana Koyate, enquanto os líderes sindicais preferem esperar para ver o desenlace do caso. Kouyate foi afastado do cargo por um decreto presidencial lido na última terça-feira, nas antenas da televisão estatal guineense.
De acordo com os líderes da oposição, Lansana Kouyate fez muito pouco, durante o seu mandato, para melhorar as condições económicas dos guineenses, pelo que saudaram o seu afastamento do cargo.
Kouyate foi nomeado no ano passado, por consenso geral, para o cargo de primeiro-ministro, na sequência das violentas manifestações contra as políticas do presidente Lansana Conté, convocadas pelos sindicatos nacionais.
Instado a comentar a decisão presidencial, os líderes sindicais disseram, ontem, preferir esperar que o novo primeiro-ministro, Ahmed Tidiane Souare, anuncie a composição do seu governo, antes de qualquer reacção à escolha do presidente Lansana Conté.
Ahmed Souare é tido como um aliado do presidente Conté. Exerceu, nos anteriores governos guineenses, vários cargos ministeriais, nomeadamente o de ministro da Educação e das Minas.
O novo primeiro-ministro prometeu, entretanto, trabalhar em prol da reconciliação dos guineenses e de pôr fim ao que considera ser um clima de confusão que, segundo ele, tem reinado entre as mais altas estruturas do governo.
Logo após a nomeação de Ahmed Tidiana Souare, na passada terça-feira, os jovens saíram para as ruas em manifestações de protesto nos vários subúrbios da capital, Conackri. Mas, ontem, a situação estava relativamente calma.
Na parte Leste do país, mais precisamente na cidade de Kankan, as lojas e escritórios permaneceram encerrados, com receio da violência. Kankan é uma cidade maioritariamente habitada por mandingas, o grupo étnico a que, por sinal, pertence o demitido primeiro-ministro, Lansana Kouyate.
Corine Dafka, investigadora para a África Ocidental, da organização Human Rights Watch, com sede em Nova Iorque, adverte para um cenário de recrudescimento da violência na Guiné Conackri:“É uma clara preocupação nossa e acredito que dos outros também, a de que este rastilho possa provocar uma nova onda de violência.”
Esta investigadora diz, por conseguinte, temer que a violenta reacção do governo às manifestações de 2007, venham de novo a repetir-se, agravando ainda mais a já volátil situação do país. Diz Dafka:
“Nós estamos preocupados com os contornos que as coisas assumiram há um ano atrás, em que 130 pessoas foram mortas por membros das forças de segurança, chamadas a intervir contra as manifestações de protesto”.
O presidente Lansana Conté encontra-se no poder na Guiné Conackri desde 1984 e, de acordo com a Transparência Internacional, organização com sede em Berlim, na Alemanha, Conté lidera um dos mais corruptos governos do mundo.
Apesar de todo o seu potencial em termos de minérios, nomeadamente da bauxite, a maioria dos guineenses vive num estado de pobreza absoluta.