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O Sudão Cortou Relações com o Chade


O Sudão cortou relações com o vizinho Chade, acusando-o de apoiar um ataque dos rebeldes de Darfur contra Cartum, a capital sudanesa.

O ataque rebelde foi o primeiro, em cinco anos de conflito, em que os rebeldes de Darfur atingiram a capital sudanesa. O governo chadiano negou qualquer envolvimento naquele na operação, apesar das acusações feitas nesse sentido pelo governo sudanês.

Há, para já, poucas indicações acerca do número de rebeldes do Movimento para a Justiça e Igualdade envolvidos no ataque, mas estimativas referem o envolvimento de três mil homens do lado das forças anti-governamentais. Bombardeamento generalizado e fogo de artilharia pesada fez-se ouvir durante a noite de sábado em Omdurman, a cidade que se situa em frente a Cartum, na margem oposta, no rio Nilo.

Num discurso proferido através da rádio nacional, no domingo, o presidente sudanês, Omar al-Bashir, disse responsabilizar o governo do Chade por treinar os rebeldes que desencadearam o ataque de sábado, adiantando não ter outra opção senão cortar relações diplomáticas com aquele país vizinho. De há muito que ambos os governos trocam acusações de estarem por detrás de grupos rebeldes. O Chade acusou Cartum de ter apoiado um ataque lançado por rebeldes chadianoscontra a capital, Ndjamena, em Fevereiro. O último acordo de paz de uma série de pactos (sempre violados) entre o Chade e o Sudão, foi celebrado em Março deste ano.

Bashir disse também que o ataque lançado pelo Movimento para a Justiça e para a Igualdade tinha sido totalmente repelido. As autoridades sudanesas levantaram o recolher obrigatório que esteve em vigor em Cartum, muito embora se mantenha ainda válido na cidade de Omdurman. Os “media” oficiais sudaneses dizem que o exército terá morto 46 rebeldes e capturado cerca de 300.

O jornalista independente Blake Evans-Pritchard falou à VOA, a partir de Cartum: “Tanto quanto tenho ouvido dizer, as ruas de Omdurman estão calmas agora. Não há sinais de combates, como os de ontem à noite”.

No domingo, a televisão sudanesa divulgou uma foto do líder do Movimento para a Justiça e Igualdade, Khalil Ibrahim, afirmando que este se encontrava escondido em Omdurman, exortando os seus habitantes a denunciá-lo às autoridades. O governo fez uma oferta de mais de 120 milhões de dólares para quem ajudar na sua localização e detenção.

Pritchard afirma que os rebeldes têm as suas bases a centenas de quilómetros a Oestes da capital e que foram vistos a aproximar-se de Cartum, nas últimas semanas, mas ninguém esperava um ataque à capital. Aquele jornalista afirma que este ataque irá dar mais visibilidade à questão de Darfur entre os residentes da capital, que vivem alheados da situação. Disse Evans-Pritchard: “A população da cidade nunca pensou que uma coisa destas pudesse acontecer, porque a perspectiva que Cartum tem é a de que Darfur fica a muitos quilómetros de distância. As pessoas nem sequer pensam em Darfur, na capital, e muitas outras não têm conhecimento da situação. E este ataque serviu para sublinhar o peso de Darfur junto da população da capital.”

A União Africana já condenou o ataque em termos enérgicos, afirmando que a violência apenas pode complicar ainda mais os esforços para se encontrar uma solução política para a crise de Darfur.

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