No Zimbabwe, o Movimento para a Mudança Democrática, MDC, deverá ter hoje uma resposta ao apelo que fez ao Supremo Tribunal para obrigar os responsáveis eleitorais a divulgarem os resultados das eleições presidenciais realizadas há 10 dias atrás.
O juiz Tendai Uchena deliberou que podia ouvir a petição do principal partido da oposição zimbabweana para a publicação imediata dos resultados eleitorais. Opôs-se, por outro lado, ao argumento da Comissão Eleitoral do Zimbabwe de que o seu tribunal não tinha jurisdição sobre a questão e marcou uma audiência para hoje para deliberar sobre o assunto. O líder da oposição, Morgan Tsvangirai, afirma que derrotou o presidente Robert Mugabe nas eleições presidenciais. Até agora não foram publicados quaisquer resultados.
Advogados do MDC declararam que a Comissão Eleitoral estava deliberadamente a adiar a publicação dos resultados, a pedido do partido ZANU-PF do presidente Robert Mugabe.
Entretanto, vários dirigentes da ZANU-PF estão a usar os meios de comunicação estatais para defender a recontagem dos votos das eleições estatais e locais. Alguns chegaram mesmo a sugerir que se devia também proceder à recontagem dos votos das presidenciais, mesmo antes do anúncio dos resultados. Contudo, a lei eleitoral zimbabweana não prevê a recontagem de votos.
Os resultados das legislativas foram anunciados na semana passada e a ZANU-PF perdeu a maioria nas duas câmaras do Parlamento. Enquanto isso, a Associação dos Fazendeiros, CFU, está a tentar dar apoio a dezenas de agricultores brancos que estão a ser alvo de ameaças violentas ou a serem obrigados a abandonar as suas propriedades. A CFU afirma que as poucas centenas de agricultores brancos que ainda se encontram no Zimbabwe correm o risco de ficarem sem as suas terras. Muitos deles fugiram já para Harare com as suas famílias. No ano 2000, cerca de quatro mil fazendeiros brancos foram expropriados depois de Mugabe ter perdido uma iniciativa para emendar a Constituição, a sua primeira derrota política desde a sua chegada ao poder em 1980. Nos anos seguintes, o Zimbabwe, outrora um dos países mais prósperos da região entrou numa grave crise económica e política.