Links de Acesso

Mugabe Quer Garantir Vitória na Primeira Volta


Os apoiantes do presidente zimbabweano Robert Mugabe estão a fazer todo o possível para garantir que ele seja reeleito na votação do próximo dia 29 de Março, sábado. Mugabe, de 84 anos de idade, dirige o Zimbabwe desde 1980. Agora, enfrenta desafios por parte do dirigente da oposição, Morgan Tsvangirai, e do antigo ministro das Finanças, Simba Makoni. Mugabe quer obter 55 por cento dos votos à primeira volta, para evitar uma segunda ronda contra um dos seus rivais. Muitos observadores internacionais prevêem que a eleição não será nem livre nem justa. Mugabe a o seu partido, ZANU-PF, foram acusados, no passado, de cometer fraudes eleitorais. Nos últimos meses, as forças de segurança prenderam ou atacaram apoiantes da oposição.

O presidente Mugabe tem presidido à pior crise económica da história do Zimbabwe. Há falta de alimentos, de combustível, uma elevadíssima taxa de desemprego e a mais alta taxa de inflação do mundo. Mugabe, contudo, continua a ser um herói para milhões de africanos. Nos anos 70, Mugabe lutou contra a governação de minoria branca na então Rodésia, conseguindo a independência para o seu povo. Mas, Sydney Masamvu, um analista zimbabweano que trabalha com o Grupo Crise Internacional diz que o partido de Mugabe está agora em desagregação. ”Pela simples razão de que, quando todos os indicadores sociais no país são negativos, o que é que a ZANU-PF tenta vender ao eleitorado? -- pergunta o analista acrescentando: ”arruinaram a economia, há cortes de energia eléctrica, não há agua, não há cuidados sanitários, há fome, pobreza. Qual é a mensagem que vão vender ao eleitorado? Em que base quer Mugabe ser reeleito pelo povo zimbabweano?”

Contudo, Mugabe promete uma vitória esmagadora. Quer mais um mandato de cinco anos. Mas, Briggs Bomba, antigo activista estudantil zimbabweano afirma que, apesar do ”bravata” do presidente, é claro que há problemas no seu partido. ”A ZANU-PF atravessa, agora, o seu momento mais frágil. Pelo que não é garantido que vá vencer as eleições agora. Em qualquer outra altura, como que sabíamos que Mugabe iria ganhar.”

Masamvu diz que a ZANU-PF ficou chocado com a saída de pesos-pesados do partido, que abandonaram Mugabe para se juntar a Simba Makoni, como é caso do antigo ministro do Interior, Dumiso Dabengwa. O que, frisa, é sinal de uma implosão dentro do partido, da sua desintegração.

Mas, outros observadores dizem que a ZANU-PF está longe de ser uma força acabada, apesar do grande apoio de que desfruta Makoni.

Mugabe tem, apesar de tudo, ao seu dispor, todos os recursos estatais. A semanas das eleições, prometeu grandes aumentos salariais a todos os funcionários, enormes aumentos salariais. Mugabe também tem vindo a fazer campanha massiva nas zonas rurais -- sua tradicional base de apoio.

Briggs Bomba diz: ”Mugabe quer evitar o embaraço de uma segunda volta, pelo que estou seguro que vai usar a máquina à sua disposição para garantir que os constituintes que votam nele vão votar em número recorde. Pelo que tenho a certeza que as zonas rurais serão visitadas frequentemente para que votem em massa.”

Brendan Murphy, responsável pelo serviço zimbabweano da VOA, é da opinião de que pode ter sido exagerada a dimensão do caos da ZANU-PF: ”A máquina da ZANU-PF continua a operar. Continua a ter o apoio firme dos veteranos de guerra, os quais passaram os últimos meses a percorrer o país em apoio a Mugabe. Contam com a milícia jovem da ZANU-PF que, penso eu, não vai abandonar Mugabe. Têm, também, a burocracia governamental firmemente controlada.”

Michelle Gavin, do Conselho das Relações Externas, diz que poderá haver algum ”pânico” nas fileiras da ZANU-PF. Mas, ela acredita que esta descrição pode ser exagerada por parte de pessoas que querem ver mudanças: ”Parece-me que a ZANU-PF não vai simplesmente desaparecer. A ZANU-PF será parte de qualquer transição que aconteça no futuro” nota esta analista.

Blessing Zulu, uma jornalista zimbabweana, diz que, mesmo que Mugabe ganhe as eleições, o seu futuro continua incerto. E isto porque ”o seu maior inimigo é a economia. E com esse esse não pode enganar.”

Os analistas prevêm que será muito difícil a Mugabe obter a maioria clara, pelo que o Zimbabwe se prepara para uma segunda volta das eleições. Contudo, já outros antes apostaram contra Mugabe -- e perderam. Quanto a Robert Mugabe, ele mantém que vai ganhar esmagadora estas eleições.

XS
SM
MD
LG