Os EUA expressaram o seu desapontamento sobre a continuação do impasse político no Quénia, na sequência das controversas eleições presidenciais de Dezembro. A Secretária de Estado, Condoleezza Rice, afirma que a administração Bush está considerar aplicar penalidade aos responsáveis.
A frustração dos EUA está reflectida num comunicado escrito pela Secretária de Estado, no qual esta afirma estar desapontada pelo fracasso dos líderes quenianos em resolverem as questões em aberto, afirmando que não havendo desculpas para mais desculpas para mais atrasos ou para mais violência.
Rice, que se encontra de visita à Ásia, emitiu aquele comunicado depois de uma conversa telefónica que manteve com o antigo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que tem vindo a tentar mediar a disputa e que agora suspendeu as conversações entre os dois rivais.
Rice foi ao Quénia, na semana passada, a pedido do presidente Bush e reuniu-se tanto com o presidente Mwai Kibaki como com o líder da oposição, Raila Odinga, cujo partido reclama que os resultados das eleições de Dezembro foram falsificados, tomada de posição que esteve na origem da violência post-eleitoral que resultou na morte de, pelo menos, mil pessoas, tendo gerado centenas de milhar de deslocados.
Condoleezza Rice disse que ambos os líderes lhe garantiram o seu empenhamento em obterem um acordo de partilha de poder e que, em troca, lhe prometeu adicional ajuda dos EUA para apoiar a reconstrução do Quénia, o processo de reconciliação e para levar por diante as reformas políticas necessárias.
Numa clara advertência a ambas as partes, Rice disse que o futuro do relacionamento dos EUA com as duas partes – implicando a sua legitimidade – depende da sua cooperação em obterem uma solução política, adiantando que os EUA estão a considerar que medidas tomar. Disse ainda a Secretária de Estado americana que o seu governo irá tirar as suas próprias conclusões sobre quem é responsável pela falta de progresso e que irá dar os “passos necessários”.
Numa troca de impressões com os jornalistas, o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Tom Casey, recusou-se a fornecer detalhes, mas adiantou que os EUA não podem encarar a situação como normal na ausência de um acordo entre as partes, mas adiantou existir uma série de passos punitivos destinados a sublinhar o descontentamento americano quanto ao estado de coisas no Quénia: “Não quero ir mais além do que dizer o que ouviram de nós previamente e que refere que não podemos encarar a situação como normal na ausência de um acordo entre as partes e iremos considerar uma vasta gama de opções que estão na mesa.”
Casey notou ainda que os EUA já enviaram cartas a várias figuras políticas quenianas que se crê tenham incitado à violência post-eleitoral, advertindo-os de que poderão impedidos de viajar para os EUA. E aquele porta-voz não excluiu a hipótese de cortar o programa de ajuda americano ao Quénia. A parte desse programa devotada à ajuda humanitária não será alterado, uma vez que Washington não pretende punir o povo queniano pelo falhanço dos seus líderes políticos.