A Secretária de Estado americana, Condoleeza Rice, terminou, ontem, a sua visita de um dia ao Quénia, apelando ao governo e à oposição para fazerem compromissos para se pôr fim à crise que paralisou o governo e ameaça o crescimento económico.
Disse Rice: ”É extremamente importante que este país seja capaz de avançar. Isso significa que dirigentes políticos de todas as persuasões, de todas as partes, têm que chegar a um acordo. Precisam de chegar a um acordo de partilha de poder que permitirá que a governação do Quénia avance”.
A Secretária de Estado disse ainda que o antigo secretário geral da ONU, Kofi Anan, tinha feito bons progressos nos seus esforços de mediação, nomeadamente na resolução de várias questões difíceis.
Disse Rice: ”Há ainda a questão da governação e a sua estrutura precisa de ser decidida. Tem que haver uma coligação. Os partidos precisam compartilhar o poder e compartilhar a responsabilidade de governar este país”.
Rice reconheceu , contudo, que há ainda diferenças sobre como alcançar esse objectivo. As duas partes concordaram na necessidade de se encontrar uma solução política para a crise no Quénia, mas negociadores do governo rejeitaram a partilha do poder, o que a oposição reivindica.
Rice disse que uma verdadeira partilha do poder significa que os partidos que entrarem numa coligação terão que ter responsabilidades e autoridade de importância, acrescentando que não pode haver uma ilusão de partilha de poder e que esta tem que ser verdadeira.
Rice falava após se ter reunido em separado com o presidente queniano, Mwai Kinbaki, com o líder da oposição, Raila Odinga e com Kofi Annan.
O gabinete de Kibaki emitiu um comunicado, afirmando que, durante o encontro, ele reafirmou o seu compromisso para com o diálogo sob a presidência de Annan e que continua a procurar uma solução amigável para os actuais problemas políticos.
Rice foi enviada ao Quénia pelo presidente Bush que afirmou também que os Estados Unidos desejam um governo de partilha de poder.
O ministro dos negócios estrangeiros do Quénia, Moses Wetangula, reagiu com irritação à declaração, afirmando que qualquer solução tem que ser uma solução queniana pois, caso não seja, será uma solução superficial e possivelmente contra produtiva.
Disse o ministro: ”Nós encorajamos os nossos amigos a apoiarem-nos, a encorajarem-nos, mas não devem cometer o erro de encostar uma pistola à cabeça das pessoas para as forçar a uma solução, porque isso não irá resultar”.
Annan, por seu turno, sublinhou que a comunidade internacional não está a tentar impôr uma solução aos líderes quenianos: ”Ninguém está aqui para ditar uma solução. Estamos aqui por solidariedade. Lembrem-se que, quando chegamos, eu disse que não viemos impôr uma solução, mas que estamos aqui para insistir numa solução”.
As duas partes assinaram um acordo, na semana passada, que prevê uma investigação independente aos resultados das eleições. O acordo prevê, também, o julgamento das pessoas responsáveis pela violência que eclodiu após as eleições e a criação de uma comissão de verdade e reconciliação nacional.
O documento prevê ainda reformas da constituição queniana, das leis eleitorais, das instituições políticas e das forças de segurança.
O governo e a oposição vão agora negociar as questões relacionadas com a governação, quando as conversações, sob a mediação de Annan, recomeçarem esta terça feira.