Autoridades locais nigerianas acusaram forças rebeldes do Movimento dos Nigerinos para a Justiça de terem feito prisioneiros na sequência de um ataque, na passada sexta-feira, próximo da localidade de Arlit. Os rebeldes afirmam não ter nada a ver com o conflito tribal e adiantam que vão a caminho do local onde se irão reunir com os líderes para tentar mediar a disputa naquela comunidade.
Rebeldes armados fizeram quatro presos entre a população civil, incluindo um líder religioso, de acordo com um comunicado oficial tornado público no domingo na região nortenha de Agadez. Afirma-se naquele documento que os atacantes fizeram prisioneiros na tentativa de localizar o director de uma organização nacional de defesa dos Direitos Humanos.
Mas, um porta-voz dos rebeldes, Boutali Ag Tchiwerin, nega responsabilidade e adianta que os combates travados na sexta-feira tiveram a ver com um conflito tribal que dura há décadas entre diferentes famílias tuaregues que habitam nas montanhas.
Diz Tchiwerin que as famílias libertaram os prisioneiros e que ele próprio, acompanhado pelo líder do Movimentos dos Nigerinos para a Justiça, Sidi Sidi Aklou, que tenciona reunir-se com os líderes de ambas as famílias envolvidas nos conflitos. Segundo disse ainda Tchiwerin estar preocupado pelo facto de se tratar do segundo ataque do género. Poucos dias antes, os rebeldes atacaram uma outra localidade, Tanout, capturando quatro soldados e o seu primeiro prisioneiro civil, neste caso o presidente da câmara. A Amnistia Internacional, uma organização para a Protecção dos Direitos Humanos, sediada em Londres, de que um funcionário governamental terá sido também aprisionado. Neste momento, os rebeldes têm em seu poder, nas montanhas, cerca de 30 prisioneiros de guerra.
A Human Rights Watch tem criticado tanto o governo do Níger como os rebeldes pelos actos de violência a que se assiste e que tem aumentado de intensidade, afectando a população civil através de execuções, da explosão de minas terrestres e da matança de cabeças de gado. De acordo com a Human Rights Watch, terão morrido cerca de 80 pessoas em resultado do accionamento de minas anti-pessoais.
Há um ano atrás, os rebeldes lançaram ataques, afirmando que o governo não tinha respeitado as promessas feitas para investir nas comunidades do Norte, rica em minérios, e dominada pela etnia nómada tuaregue.
O presidente do Níger, Mamadou Tandja, qualifica os rebeldes de “bandidos”, “traficantes” e “terroristas” que querem o controlo da região montanhosa do Norte para continuarem a contrabandear matérias-primas para a Argélia e para outros países.
Os combates travaram toda a actividade turística no Norte do Níger, desalojando milhares de famílias que ou tiveram que fugir para pontos remotos das montanhas ou movimentar-se para Sul, em direcção à capital.
Apesar das riquezas minerais do Níger, a ONU qualificou as condições de vida naquele país como as piores em todo o mundo, durante dois anos consecutivos.