As autoridades do Estado de Kano, no Norte da Nigéria, afirmam que actos de violência ligados às eleições provocaram a morte de seis pessoas e a prisão de dezenas de outras.
O comissário da polícia daquele Estado disse que a violência irrompeu após desacordos entre apoiantes de partidos políticos locais quanto aos resultados não oficiais. Os detidos encontravam-se armados com catanas e com armas.
Informações provenientes daquela região referem que as eleições terão sido fraudulentas e que alguns candidatos já tomaram a iniciativa de lançar iniciativas para pôr em causa os resultados.
Entretanto, a organização Human Rights Watch apelou para que a Nigéria lance um inquérito independente para avaliar o número de pessoas mortos pela polícia.
Mike Okiro, inspector geral da polícia nigeriana foi, ontem, citado pelos jornais locais, como tendo dito que, nos últimos 90 dias, cerca de 1600 suspeitos de assaltos à mão armada foram detidos e mais 785 outros abatidos pelas forças da ordem.
Durante o mesmo período, 62 agentes das forcas da ordem nigerianas foram igualmente mortos em confrontos com os assaltantes.
Recorde-se que os grupos activistas dos direitos humanos têm vindo repetidas vezes a acusar as forças de segurança nigerianas de serem precipitado sem nos disparos contra suspeitos criminosos, em vez de os deter.
Alias, não terá sido ao acaso que os nigerianos rotulam, de forma sarcástica, as forças policias como “forças do tiro e queda”.
O porta-voz da polícia nigeriana, Haz Iwendi, reconhece, para já, algumas falhas por parte das forcas da ordem e admite, em certa medida, a impreparação dos agentes policiais, em lidar com o actual nível de crimes no país: “Quando o ambiente é favorável aos criminosos e a polícia não tem capacidade para efectivamente lidar com a situação, resulta sempre em mortes em ambas as partes”.
Aquele porta-voz da polícia reconhece, por outro lado, que o elevado número de mortos nos confrontos com os assaltantes agrava ainda mais o cenário do crime, já de per si preocupante, devido ao cada vez maior crescente número de vítimas mortais resultantes dos assaltos à mão armada a bancos.
Mas, no que concerne aos direitos humanos, Haz Iwendi, saiu em defesa dos agentes da polícia: “Com apenas uma bala, mata-se uma pessoa e as balas nada sabem dos direitos humanos. Portanto, quando as pessoas falam dos direitos humanos, convém ter também presentes os direitos humanos dos agentes da polícia”.
O crime violento tem sido um dos grandes problemas da Nigéria, particularmente nas cidades, onde são comuns grupos e “gangs” armados invadiram propriedades alheias, bancos e escritórios, em acções de assalto.
Blocos de apartamentos na capital comercial nigeriana, Lagos, são com frequência sitiados por assaltantes, fortemente armados, que, de apartamento a apartamento, vão recolhendo dinheiro, jóias e outros bens dos inquilinos.
O presidente nigeriano, Umaru Yardua, prometeu dar combate a esses crimes e zelar para que o primado da lei prevaleça na Nigéria.
Mas, para os grupos activistas dos direitos humanos, com o país refazendo-se dos mais de 15 anos de ditaduras militares, em que as forças de segurança agiam impunemente, a tarefa do presidente Yardua, mostra-se para já difícil.
Numa recente intervenção na capital, Abuja, Umaru Yardua prometeu descongestionar a superlotação das prisões nigerianas e reabilitar os condenados.
De realçar que a maior parte dos detidos nas desumanas prisões nigerianas respondem, em muitos casos, por crimes pelos quais nunca foram julgados. E as Nações Unidas acusaram recentemente a polícia nigeriana de recorrer à pràtica da tortura dos suspeitos de envolvimento em crimes para sacar confissões .