A administração Bush tentou ontem reafirmar, perante membros do Congresso, que o departamento de estado desempenharia um papel preponderante no seio do programado comando militar americano para África, o AFRICOM.
Entidades oficiais do departamento de estado e do departamento da defesa afirmaram perante a comissão dos negócios estrangeiros do Senado que o AFRICOM adoptará uma postura a longo prazo e inter-ministerial no sentido de melhorar a segurança, a governação e o desenvolvimento de África. Acrescentaram que o objectivo é o de aumentar a cooperação no combate ao terrorismo, nas actividades de manutenção da paz e nos programas para promover a estabilidade regional. A subsecretária de estado assistente para os assuntos africanos, Theresa Whelan, salientou que o AFRICOM está mais interessado em operações de segurança do que em operações de combate: ”O objectivo do AFRICOM é o de impedir guerras e não o de participar em combates. Estamos a reorganizar a estrutura do comando de modo a posicioná-lo melhor para operações de cooperação no domínio da segurança, e, para impedir os problemas de degenerarem em crises e as crises de se transformarem em catástrofes ou conflitos.”
Whelan afirmou que o AFRICOM analisará as questões de segurança em cooperação com os líderes africanos. Acrescentou que os Estados Unidos não têm a intenção de basear forças de combate no continente. Disse, contudo, que a criação do novo comando poderia traduzir-se por mais exercícios conjuntos: ”Prevejo que possa haver um aumento do número de exercícios que levamos a cabo assim como de outros tipos de cooperação entre estruturas militares.”
Regra geral os legisladores americanos aprovam a ideia da criação do AFRICOM, embora questionem a sua perspectiva. O senador Richard Lugar, um republicano que integra a comissão de relações externas manifestou a sua preocupação com a possibilidade do novo comando poder vir a diminuir a influência do departamento de estado na determinação das relações com a África, sobretudo devido ao maior orçamento do Pentágono. No entanto a secretária de estado assistente para os assuntos africanos, Jendayi Frazer, manifestou-se optimista: ”O Departamento de Estado continuará a desfrutar da primazia da política externa e da autoridade em África, e, acho que ninguém no Departamento da Defesa discorda disto.”
Quanto ao senador Russ Feingold , um democrata do estado de Wisconsin, este afirma que vários países africanos expressaram as suas preocupações de que o AFRICOM podia levar à militarização da política externa americana em África: ”Os contactos que mantivemos apontam para uma resposta negativa dos países africanos ao AFRICOM.”
Feingold não entrou, contudo, em pormenores. No entanto, entidades do Departamento da Defesa afirmaram que dirigentes africanos manifestaram a sua preocupação com a eventualidade da militarização da política externa americana no continente. As mesmas fontes referiram que, depois de ouvirem pormenores sobre o AFRICOM, os países africanos tornaram-se mais receptivos.
Jendayi Frazer afirmou, por seu turno, que o Departamento de Estado registou uma reacção largamente positiva por parte das nações africanas. Segundo o Departamento de Estado americano, a Libéria, o Botswana, o Senegal e o Djibouti encontram-se entre os países que já manifestaram o seu apoio ao AFRICOM.