Numa entrevista à agência de notícias LUSA, o antigo vice-presidente da República Democrática do Congo, Jean-Pierre Bemba diz que gostaria de regressar ao Congo Democrático antes do início de uma nova sessão parlamentar, marcada para 15 de Setembro, segundo ele ”para cumprir com as minhas obrigações profissionais. ”O que quero, acrescentou o chefe do principal partido opositor em Kinsahsa, ”é regressar com total segurança, com o apoio da comunidade internacional, da União Europeia, e, espero, com o apoio da República Democrática do Congo.”
Moise Musangana, o porta-voz de Bemba, frisou também que o líder político precisa de receber garantias de segurança do governo de Kabila de que será seguro regressar. Assim que isso for garantido, Bemba apanhará o primeiro voo de regresso de Portugal, acrescentou Musangana.
Bemba, de 44 anos de idade, foi acusado de traição em Março, depois dos seus homens armados se terem confrontado com as forças de segurança governamentais, em Kinsasha, do que resultaram cerca de 200 mortos.
A ministra Solange Ghonda diz que o parlamento terá ainda que decidir como lidar com Bemba, mas diz ser improvável que ele seja indiciado. Ghonda afirmou que ”chegou a altura para colocar de lado a política e construir uma nação forte.”
A ministra acrescentou que Bemba deverá deixar de se preocupar com a sua segurança, e regressar a Kinshasa para cumprir totalmente o seu papel como senador.
Como senador, Bemba, desfruta de imunidade, mas o governo não indicou se lhe seria retirada a imunidade judicial por ele não regressar até à data definida pelo Senado.
É a segunda vez que Bemba não regressa no período definido pelo senado, desde que chegou a Portugal a 11 de Abril. Bemba já recebeu uma licença de mais 45 dias, depois de ter excedido os 60 dias iniciais.
Gus Selassie, analista do grupo Global Insight, diz que Jean-Pierre Bemba, segundo nas eleições presidenciais, parece ter aceitado que terá que fazer concessões, incluindo desistir da sua equipa de segurança e entregar, ao governo, algumas das armas que possui.
Bemba era um dos dirigentes rebeldes congoleses durante os cinco anos de guerra civil no Congo Democrático, que resultou na morte de cerca de quatro milhões de mortos.