Elementos chave do ultimo grupo rebelde do Burundi, fugiram para as matas antes da conclusão das conversações de paz que decorriam na capital, tendo responsáveis do governo considerado a atitude como sendo um sinal de agressão.
As conversações de paz que tinham em vista a aplicação de um acordo de cessar fogo entre as Forças de Libertação Nacional do Burundi e o governo encontram-se num impasse após o desaparecimento que tive inicio no sábado, de pelo menos quatro elementos chave da delegação rebelde.
Ndayshimiye, o responsável militar do grupo rebelde, foi o primeiro a desaparecer, tendo diplomatas referido que fugiu para as matas para se juntar as suas tropas. As mesmas fontes adiantaram que a fuga ocorreu apesar da presença de tropas da União Africana que se encontravam nas negociações.
A porta voz do governo, Hafsa Mossi, referiu que as negociações são importantes para a paz e a estabilidade no país.
‘Estávamos a debater a aplicação do acordo de paz. O mecanismo necessário para iniciar a aplicação do acordo. Era essa a razão por que eles estavam a ser guardados por elementos da União Africana. Tem um significado muito especial por ser o ultimo grupo rebelde no Burundi, pois poderíamos finalmente ver a paz e a estabilidade no Burundi. Por isso a fuga tem o significado que tem ...não desejam fazer parte do processo.’
O grupo rebelde Hutu é o ultimo de sete grupos rebeldes que não definiu um acordo com o governo.
Embora os Hutus constituam a maioria da população, os Tutsis tem tido a dominância política e económica da região. Foram alcançados acordos de paz desde Novembro de 2003 quando o antigo grupo assinou um cessar fogo e a partilha do poder.
Em Março de 2004 membros daquele entraram para o governo e o parlamento, tendo presidente Nkurunziza sido eleito em 2005.
A porta voz do governo Mossi sustenta não existir razão para que as Forças de Libertação Nacional do Burundi continuem a combater.
‘Desejam democracia para todos. Desejam ter liberdade. Desejam que todos os grupos étnicos estejam envolvidos nas instituições, é tudo o que tem sido feito por isso não existe razão para voltar à luta. Tem sido o que tem feito, matar pessoas, fazer reféns ... Fizeram isso ao redor da capital e em alguns locais do país.’
Desde que o Burundi obteve em 1962 a independência da Bélgica, um presidente e um primeiro ministro foram assassinados, tendo uma guerra civil no inicio da década de 90 precedido o influxo de centenas de milhar de refugiados ruandeses que fugiram ao conflito.
As actividades de grupos armados Hutu e Tutsi contribuíram ainda mais para a desestabilização do governo do Burundi.
Hafsa Mossi sustenta que embora as Forças de Libertação Nacional desejem a democracia e a partilha do poder, não prosseguem as negociações.
O mês passado a policia deteve oito membros daquele grupo, em particular elementos de uma ala que se auto denomina de Partido para a Libertação do Povo Hutu, tendo lhes sido apreendidas granadas.