A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou uma resolução proibindo o estabelecimento de bases militares americanas permanentes no Iraque. O Congresso já se tinha pronunciado contra a criação de bases permanentes, mas os democratas quiseram que a administração Bush clarificasse a sua posição sobre esta matéria.
Em vários documentos legislativos, sobretudo em leis definindo a política de defesa e apropriando verbas para os militares, os congressistas tornaram clara a sua oposição à criação de bases permanentes.
E no seu relatório do ano passado, o Grupo de Estudo bipartidário para o Iraque recomendou uma declaração clara por parte dos EUA de que não iria procurar criar bases permanentes naquele país ou tentar controlar os seus recursos petrolíferos, por forma a criar o que designou como um clima positivo para as iniciativas diplomáticas.
A resolução aprovada na quarta-feira por uma maioria esmagadora de 399 votos a favor e 24 contra envia outro sinal ao presidente Bush, numa altura em que este já está perante intensa pressão para avançar no sentido da retirada das forças americanas do Iraque.
O principal subscritor desta lei, a democrata Barbara Lee, da Califórnia, afirma que esta lei reflecte a inquietação do Congresso e da opinião pública relativamente ao que ela designou por sinais contraditórios por parte da administração Bush: “A percepção de que os EUA planeiam criar uma base militar central permanente no Iraque fortalece a insurreição e alimenta a violência contra as nossas tropas”.
Conformo ficou reflectido na votação, os republicanos apoiaram também aquela medida, notando que nada irá impedir os EUA de forjar futuros acordos com o governo iraquiano para terem acesso aquele país.
Isto mesmo foi sublinhado pelos congressistas republicanos da Flórida, Ileana Ros-Lehtinen e Duncan Hunter, este antigo presidente da Comissão dos Serviços das Forças Armadas.
A presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosy, aproveitou a oportunidade para responder a declarações feitas pelo presidente Bush, na terça-feira, nas quais este relacionou a Al Qaida no Iraque a Osama Bin Laden e disse que aqueles que estavam a pressionar para a retirada das forças americanas estavam a negar as consequências de um tal passo: “As declarações feitas por este presidente são causa de grande preocupação e justificam as razões porque o Congresso tem que continuar a pressionar a administração para mudar a sua política para o Iraque. Ainda assim, uma vez mais, o presidente Bush distorce os factos no terreno no Iraque e os últimos dados sobre a verdadeira ameaça posta pelo terrorismo islâmico internacional”.
Esta resolução agora aprovada foi a mais recente iniciativa legislativa avançada pelos democratas, depois de outra medida propondo o dia 1 de Abril para a retirada das tropas combatentes americanas no Iraque ter sido derrotada.
No entanto, o congressista democrata John Murtha, que se opõe à guerra no Iraque, tenciona avançar com um projecto de lei apelando para “uma retirada imediata e ordeira” das tropas, com início no fim deste ano.
O plano de Murtha, que não estabelece uma data para a retirada final e completa, apela também para que o presidente Bush forneça ao Congresso um plano para promoção de estabilidade regional para o Médio Oriente e uma descrição detalhada da projectada força militar americana na região durante os cinco anos, a contar a partir de Outubro.
A Câmara dos Representantes está pronta para debater aquela lei na próxima semana, mas a sua aprovação não deverá ocorrer até Agosto, altura em que o Congresso reabrir depois das férias de Verão, altura em que se analisada outra proposta que irá destinar uma verba de 142 mil milhões de dólares para as operações militares no Iraque e no Afeganistão.