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Darfur: “Uma Ferida Aberta na Consciência do Mundo”


Um grupo britânico de ajuda humanitária lançou um apelo público, com carácter de urgência, para angariar fundos destinados a ajudar perto de quatro milhões e meio de africanos afectados pelo conflito na região sudanesa de Darfur.

O Comité de Emergência para os Desastres, que representa as principais agências de ajuda com sede na Grã-Bretanha, afirmam ser necessária ajuda urgente para aliviar a situação do povo em Darfur e no vizinho Chade e República Centro-Africana.

O referido comité afirma ser necessário dinheiro para enviar ajuda antes de começar a época das chuvas, o que irá fazer com que o transporte se faça ainda com mais dificuldade, criando condições para o aumento de riscos de doenças, incluindo a malária, para uma população já de si vulnerável.

A Oxfam conta-se entre as agências empenhadas nesta campanha. A sua directora para o Sudão, Caroline Nursey, sublinha que esta ajuda é crucial: “Num esforço massivo para angariar comida para estas pessoas, para lhes fornecer água potável, para garantirmos que dispõem de medicamentos, particularmente com a estação das chuvas a aproximar-se, precisamos ter rede mosquiteira, temos que ter todos os medicamentos necessários.”

Cerca de 200 mil pessoas morreram desde que o conflito rebentou em Darfur, em 2003, quando grupos rebeldes pegaram em armas para lutar contra o governo central, acusando Cartum de ignorar o empobrecido ocidente do país.

O governo nega alegações de que tenha apoiado milícias árabes, os Janjaweed, que são acusados de assassínios em massa, de violações e de terem saqueado as aldeias habitadas por africanos em Darfur.

Funcionários de agência humanitárias afirmam que quatro milhões e meio de pessoas foram afectadas pelo conflito e que dois milhões e meio fugiram de suas casas, com centenas de milhar vivendo em campos de refugiados. E a violência alastrou ao vizinho Chade e à República Centro Africana.

Caroline Nursey afirma que a situação de segurança na região se tornou crescentemente precária, tornando as entregas de ajuda ainda mais difíceis: “É extremamente duro operar nestas condições. É um ambiente em que, se as necessidades não fossem tão grandes, nós diríamos que não o poderíamos fazer. Mas, de facto, o que temos que fazer é adaptarmo-nos e temos que continuar a fazer o que for necessário para satisfazer as necessidades de quatro milhões e meio de pessoas”.

Darfur é uma área extremamente perigosa para as agências humanitárias. Nursey afirma que todos os grupos de ajuda, bem como as suas colunas têm sido atacados. Dezenas de funcionários das agências de ajuda têm sido mortos e feridos, nos últimos três anos.

Os EUA afirmam que está a ser cometido um genocídio em Darfur. O governo de Cartum nega isto e alega que o Ocidente está a exagerar a situação.

Acaba de ser divulgado um relatório sobre a situação dos Direitos Humanos referente a 2006, elaborado pela Amnistia Internacional. A secretária-geral daquela organização, Irene Khan, qualifica a situação em Darfur como “uma ferida aberta na consciência do Mundo”. A Amnistia diz que a comunidade internacional não tem feito o suficiente para pôr fim ao conflito em Darfur.

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