A Guiné-Bissau está a transformar-se no principal centro oeste africano de contrabando de drogas para a Europa, noticiou numa extensa reportagem de primeira página o jornal “Los Angeles Times”.
Uma entidade oficial não identificada ligada ao departamento norte-americano de combate à droga, a Drug Enforcement Agency, DEA, disse ao jornal haver agora “muitos colombianos na Guiné Bissau” que “alegadamente estão envolvidos em negócios legítimos, guiam “Mercedes” e têm informadores, pois sabem quando é que a DEA vai aparecer”.
O “Los Angeles Times” afirma que, em Setembro, agentes da polícia da Guiné Bissau capturaram dois colombianos a descarregarem cerca de 675 quilos cocaína.
“Depois do chefe da polícia ter anunciado a captura, foi ameaçado por colegas alegadamente aliados dos traficantes colombianos. As autoridades recusaram-se a deixar que um agente da DEA verificasse as drogas ou pudesse ver os suspeitos, que foram libertados por um juiz,”disse o jornal citando “investigadores europeus e dos Estados Unidos”.
O jornal alega, ainda, que “colombianos” estabeleceram uma fábrica de processamento de peixe no local onde, em 2004, a polícia encontrou “armas, drogas e uma pista de aterragem clandestina”.
Peritos no combate à droga receiam agora que os contrabandistas possam, em breve, transportar para a Guiné Bissau os produtos químicos e equipamento de laboratório necessários para transformar a coca em cocaína.
Antonio Mazzitelli, representante regional do Departamento das Nações Unidas de Combate às Drogas e Crime disse ao “LA Times”, no Senegal, que a Guiné Bissau está agora a vender algumas das suas ilhas, “aumentando receios de que “patrões” da droga possam comprar uma”.
Para além da Guiné Bissau, Cabo Verde aparece também mencionado num grupo de nove países da região onde drogas são armazenadas e depois transportadas para “zonas de desembarque clandestino em Espanha ou em Portugal ou para portos comerciais como Barcelona, Roterdão e Antuérpia.
O aumento do tráfico de cocaína para a Europa deve-se ao facto do seu uso no maior mercado do mundo, os Estados Unidos, estar em declínio.
“Na Europa, a procura atingiu o seu nível mais alto de sempre,” diz o “Los Angeles Times”, acrescentando que um quilograma de cocaína se vende por 45 mil dólares na Europa e por cerca de 25 mil dólares nos Estados Unidos.
Como resposta, os países europeus estão a fazer os preparativos finais para o lançamento de uma “força tarefa militar de aplicação da lei” que vai ficar sediada em Lisboa, a partir do próximo dia 1 de Abril, diz o jornal.
O Centro de Operações de Análise Marítima vai unificar recursos da polícia, marinha e alfândegas no combate ao contrabando de drogas “num modelo semelhante aquele da uma unidade de interdição dos Estados Unidos, na Flórida”.