O presidente da China, Hu Jintao, efectuou uma breve visita à Libéria, no quadro de um périplo diplomático a oito países do continente africano.
Mas, apesar do engajamento de Pequim com a Libéria estar a suscitar localmente um certo optimismo face aos potenciais benefícios dessa parceria, vozes existem que temem que, do estreitamento das relações sino-liberianas, possam resultar danos nas já tradicionais relações entre a Libéria e o mundo ocidental, em particular, com os Estados Unidos.
Decoradas com as bandeiras da China e da Libéria e com os populares empunhando cartazes de boas vindas ao líder chinês, Hu Jintao, as ruas da capital liberiana, Monróvia, espelhavam o clima de optimismo e de esperança entre os liberianos, face ao incremento da ajuda chinesa ao desenvolvimento do país.
A visita de um dia do líder chinês aquele país da África Ocidental foi assinalada pelas conversações mantidas com a presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf. Hu Jintao visitou também o recém inaugurado centro de combate à malária, financiado por Pequim.
O coordenador do programa nacional de combate a malária na Libéria, Tolbert Nyenswah, descreveu à VOA o entusiasmo suscitado pelas potencialidades da cooperação chinesa naquele sector:“ A vinda do presidente da China à Libéria para a inauguração do centro de investigação, prevenção e combate da malária representa um estímulo aos nossos esforços de prevenção e controlo daquela doença na Libéria”.
Mas, nem todos os liberianos vêem com bons olhos a aproximação de Monrovia a Pequim.
É o caso de Clitus Tito, um empresário local que disse à nossa reportagem temer a possibilidade dos interesses chineses afectarem a tradicional e histórica relação da Libéria com os Estados Unidos: “Apelamos a este governo para que seja muito cuidadoso na forma como conduz a política externa do país, porque as duas potências estão á espera de algo e, se conseguirem sobrepor os seus interesses aos da Libéria, o país poderá definhar”.
Durante o período da guerra fria, a Libéria recebeu, mesmo quando fora governada por uma ditadura militar, centenas de milhões de dólares de assistência dos Estados Unidos.
Temendo cenários idênticos, críticos do envolvimento da China em África têm advertido para a possibilidade desse engajamento poder vir a contribuir para a propagação e manutenção de maus governos e regimes no continente africano.
Alex Vines, do Instituto Internacional, com sede em Londres, reconhece que a Libéria tem algumas potencialidades económicas, sobremaneira aliciantes para os interesses de Pequim. E cita, a título de exemplo, a recém reactivada industria portuária.
Para este analista, a visita do líder chinês Hu Jintao a África tem por propósito a simples consolidação da influência diplomática chinesa no continente: “Trata-se da promoção da imagem da China, depois das frenéticas actividades em 2006.Trata-se de um gesto, através do qual a China tenciona demonstrar o seu apoio ao governo liberiano pós conflito e uma forma de premiar a Libéria pela sua preferÊncia por Pequim em detrimento de Taipé”.
Da Libéria, o líder chinês seguiu para o Sudão, país onde o envolvimento chinês tem vindo a ser igualmente criticado, com Pequim a ser acusado de armar ambos as partes beligerantes, do conflito naquele gigantesco país. Uma acusação que a China desmente, sob a alegação de privilegiar o princípio da não interferência nos assuntos internos dos países com os quais mantém relações económicas e diplomáticas.
No fim de semana, Hu Jintao visitou a Zâmbia onde foi confrontado com um emergente sentimento anti-chinês naquele país da África Austral.
No périplo diplomático de Hu Jintao pelo continente africano figuram ainda visitas à Namíbia, a África do Sul , a Moçambique e as Seycheles.