O Sudão sofreu, ontem, dois importantes revezes depois de ter visto gorada a sua pretensão de ascender á presidência da União Africana e depois do secretário geral da ONU lhe ter declarado que deve mostrar seriedade no que se refere à resolução do conflito de Darfur. O presidente sudanês Omar al Bashir esperava, com efeito, ser nomeado presidente da União Africana durante a cimeira daquela organização a decorrer na capital etíope. Contudo no seu discurso o presidente da comissão da União Africana, Alpha Oumar Konaré, afirmou perante a assembleia que o governo sudanês e as forças rebeldes devem pôr termo aos bombardeamentos e massacres de civis em Darfur.
Pouco depois entidades oficiais da União Africana anunciavam a escolha do chefe de Estado do Gana, John Kufuor, para liderar a organização. Por outro lado, quando o secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon, discursou perante os representantes dos 53 países africanos as atenções voltaram-se ainda mais para Darfur. Na ocasião, Moon pressionou no sentido da aprovação do envio de uma força de manutenção da paz para Darfur: ” A parceria entre a União Africana e as NaçõesUnidas é de uma importância vital. Devemos persuadir os não-signatários a juntarem-se-nos para conseguirmos um consenso para o envio urgente duma força da ONU e da União Africana para o terreno. Espero sinceramente que consigamos alcançar um acordo acerca dessa questão vital.”
Posteriormente, Moon realizou conversações com o presidente sudanês apelando-lhe para resolver a questão de Darfur, aceitando o envio daquela força conjunta para a região. O secretário geral da ONU declarou à imprensa que al Bashir concordou com aquela ideia apesar da longa resistência que lhe opôs no passado. Segundo as Nações Unidas, desde 2003 o conflito de Darfur fez mais de 200 mil mortos e desalojou outros dois milhões de pessoas. A comunidade internacional tem vindo a pressionar o governo sudanês a resolver a situação. O comissário europeu para o desenvolvimento e ajuda humanitária, Louis Michel, participou nesta cimeira da União Africana afirmando que devem ser duplicadas as pressões sobre os responsáveis pela violência em Darfur:
”Trata-se realmente duma situação terrível, e, a situação nunca foi tão difícil e tão triste como neste momento em Darfur. Por isso temos que redobrar as pressões sobre todas as partes, os rebeldes, as milícias Janjaweed e o governo.”
Esta reunião cimeira da União Africana está a decorrer na capital etíope, Adis Abeba, e, para além da situação em Darfur estará também em foco a questão da Somália e o envio de “capacetes azuis” para aquele país.