Apesar das previsões de uma boa colheita, os nutricionistas ainda assim estão a contar que a fome venha a ser, no ano que vem, um grande problema para a região oeste africana do Sahel. O programa da ONU para a Alimentação (o PAM) calcula que um terço de todas as crianças com menos de cinco anos naquela região não estão a comer o suficiente. Isto, apesar de ter havido chuvas suficientes.
O Programa Alimentar Mundial afirma que a região do Sahel, que se estende ao longo da ponta Sul do Sahara, regista a mais elevada taxa de mortalidade infantil no mundo, em grande medida devido à malnutrição.
No ano passado, no Níger, a seca e os problemas com a distribuição alimentar criaram grandes carências alimentares. Mais de um milhão de pessoas depende da ajuda alimentar da ONU. A crise chamou a atenção dos media.
Mas, o sub-director executivo do PAM, afirma que o problema alimentar daquela região geralmente passam despercebidos: “A comunidade internacional tem prestado tanta atenção às grandes crises que não prestou atenção suficiente a um problema que existe há tantos anos no Sahel e que não tem tido a atenção de que merece. O facto de que grave malnutrição é tão grave para tantas crianças no Sahel que se torna totalmente inaceitável”.
Graisse diz que a malnutrição pode travar o desenvolvimento físico e intelectual, afectando as crianças até à sua idade adulta.
O PAM espera que os custos para alimentar mais de meio milhão de crianças e suas mães, no próximo ano, nas zonas mais duramente atingidas, irá ultrapassar os 47 milhões de dólares.
Aquela organização está a lançar um apelo aos países doadores. Os EUA e a Arábia saudita anunciaram que irão contribuir com cinco milhões de dólares cada.
Os agricultores do Sahel têm dificuldade em cultivar comida suficiente devido ao clima árido daquela região.
As pragas de insectos podem também arruinar as colheitas. Durante o último fim de semana, nas Maurícias, peritos agrícolas descobriram que o ressurgimento de um tipo de grilo foi responsável pela devastação das colheitas também há dois anos atrás, criando uma falta alimentar afectado um milhão de pessoas.