A decisão da presidência da República em desmentir a notícia segundo a qual o antigo chefe da segurança externa, Fernando Miala teria sido recebido pelo Presidente José Eduardo dos Santos para tratar de assuntos de estado , foi motivada pela constatação de que Miala estaria a tirar proveito da mesma.
Quando a notícia veio a público pela mão do semanário Angolense na edição de 25 de Setembro, a presidência da República decidiu ignorar a questão. A notícia dizia que Miala teria conversado durante três horas com o presidente José Eduardo dos Santos sobre a situação na República Democrática do Congo.
Uma semana depois isto é a 30 de setembro o semanário Agora retomava o assunto interrogando-se sobre se Fernando Miala estaria a renascer das cinzas, e se estaria de volta ao activo. O semanário Agora não fez referência a qualquer audiência, mas aludia à possibilidade de Fernando Miala poder vir a retomar a recondução dos dossiês sobre o Congo Democrático.
A presidência da República reagiu esta segunda-feira porque de acordo com fontes oficiais teria sentido que Fernando Garcia Miala estaria a tirar proveito da abordagem feita por ambas as publicações.
Miala teria aproveitado o efeito da notícia para relançar, sobretudo na televisão pública spots publicitários referentes a projectos filantrópicos a que está ligado.
Retirado das lides públicas deste a sua exoneração a 25 de Fevereiro deste ano, Miala teria feito uma espécie de “reentré” sustentada em parte pelo lançamento de spots publicitários . Este fim de semana está prevista a venda de DVDs sobre um mega espectáculo realizado em finais do ano passado em Luanda por uma instituição de caridade a que está ligado.
A combinação da notícia e o surgimento dos spots teriam resultado naquilo que o comunicado da presidência da República diz ser uma tentativa citamos “de se confundir a opinião pública”, fim de citação. Segundo funcionários superiores do Governo de Angola, o alegado aproveitamento de Fernando Miala teria ido para lá da exploração de todo este caso.
O comunicado da presidência da República dizia ainda que Garcia Miala não se encontra no exercício de qualquer função pública, e que as conclusões a que chegou a comissão de Inquérito encarregue de averiguar as irregularidades nos serviços de inteligência externa prevalecem actuais e pertinentes.
Entretanto tanto o Semanário Angolense como o Agora voltam a tocar no assunto. A direcção do Semanário Angolense diz que mantém confiança absoluta nas fontes a que recorreu para redigir a notícia, pelo que mantém a sua versão. Enquanto isso o semanário Agora naquilo que a sua direcção diz que será a colocação de um ponto final no assunto diz estar de consciência tranquila, pois as informações que usou para dizer que Miala poderia vir a pegar no dossiê Congo foram obtidas junto da única fonte que poderia confirmar. O semanário Agora não revela a identidade da sua fonte, mas em contrapartida sugere que a presidência da República deveria deixar de usar aquilo que chama de abstracta definição de semanários da capital. Entretanto tentou sem sucesso ouvir Fernando Miala.