Arrancou a contagem dos votos na República Democrática do Congo, um país dilacerado pela guerra civil. A votação decorreu rodeada de muita tensão resultante da guerra e dos resultados destas eleições as primeiras realizadas neste país em mais de 40 anos. Registaram-se distúrbios numa cidade mineira, levando ao adiamento da votação naquele local. Mas, a violência não se generalizou.
Utilizando velas que eles próprios trouxeram de casa para ver o que estavam a fazer, as autoridades dos serviços eleitorais no bairro de Lingwala, em Kinshasa, ali foi iniciada uma noite que vai ser dedicada a contar os votos entrados nas urnas.
Um observador de um dos partidos afirma que vai ser problemático contar os votos sem luz suficiente e disse não saber o que irá acontecer quando as velas se esgotarem.
Entretanto, nas ruas vizinhas, também sem electricidade, militantes rasgaram os cartazes com a foto do presidente e principal candidato, Joseph Kabila. O filho do assassinado antigo líder Laurent Kabila enfrenta mais de trinta candidatos rivais, incluindo o antigo líder rebelde apoiado pelo Uganda, Jean-Pierre Bemba.
O principal líder da oposição, Etienne Tshisekedi boicotou o processo eleitoral, afirmando que os preparativos favoreceram o actual presidente.
Tanto os seus apoiantes como os de Bemba ameaçaram matar estrangeiros se Kabila for declarado vencedor à primeira volta com mais de 50 por cento dos votos. Afirmam eles que a comunidade internacional quer que Kabila vença para proteger os interesses dos europeus e americanos naquele país rico em minérios.
A Secretária de Estado Assistente americana para os Assuntos Africanos, Jendayi Frazer, que foi um dos observadores às eleições, disse que aquela afirmação não é verdadeira: ´´ Os EUA não têm qualquer interesse em usurpar o papel do povo congolês na escolha do seu destino. Não existe nenhuma conspiração para determinar o vencedor. ´´
Não se esperam os resultados das eleições presidenciais antes das próximas três semanas e, se for necessária uma segunda volta, não é provável que se venha a realizar antes de Outubro.
Concorreram perto de nove mil candidatos para preencher os 500 lugares existentes no novo Parlamento.