Dos 37 países em África que têm manadas de elefantes , Angola é o único que não ratificou a Convenção Internacional sobre as Espécies em Vias de Extinção. Segundo um relatório agora publicado no ano passado mais de uma tonelada e meia de produtos em marfim encontravam-se à venda nos mercados angolanos.
Um estudo conjunto elaborado pelo WWF, o World Wildlife Fund e pela organização Traffic afirma que o comércio ilícito de marfim em Angola está em plena expansão assistindo-se a uma duplicação das vendas nos últimos 12 a 18 meses. De acordo com aquele estudo a caça furtiva dos elefantes angolanos está a ameaçar a sobrevivência da espécie.
O presidente do programa para os elefantes do WWF, Peter Stephenson, afirmou à Voz da América que os produtos em marfim actualmente à venda em Angola são equivalmentes a cerca de 600 dentes de elefante. Salientou também grande parte do marfim não é angolano.
”O que constatámos neste estudo é que cerca de 75% das pessoas que estão a tentar vender marfim são provenientes do Congo Kinshasa. esta realidade reflecte o que observamos nos mercados de marfim através de África. Em países tais como o Congo onde se verificou uma guerra civil, o controle deixou de ser tão apertado, e, são assim importantes fontes do marfim vendido nos mercados africanos tais como o de Luanda.”
Stephenson afirma que grande parte do marfim é comprado por americanos, europeus e chineses. Visto que Angola ainda não ratificou a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies em Vias de Extinção, pouco se pode fazer para regulamentar controlar o comércio de marfim em Angola.
Stephenson reconhece contudo que muitos países que aderiram à Convenção não estão a respeita-la na integra. Acrescentou que um estudo através do continente africano detectou vendas ilícitas de marfim. Afirma ele que em cidades tais como Lagos na Nigéria, Abidjan na Costa do Marfim e Maputo em Moçambique muitas pessoas vendem localmente marfim e procedem também à sua exportação.
”Sabemos igualmente que esse marfim não provem necessariamente dos países em questão. O marfim é importado ilegalmente através das fronteiras para alimentar o mercado doméstico. Trata-se portanto de um processo muito complicado. Os elefantes estão a ser caçados desenfreadamente, sobretudo na África Central. O marfim é depois levado para várias cidades onde existem muitos comerciantes e muitos visitantes.
O marfim é depois levado pelos compradores para outros países. Isso está a alimentar neste momento em África o abate ilegal de 12 mil elefantes por ano para alimentar esses mercados ilícitos.”
Devido à guerra à longa guerra civil em Angola, que apenas terminou há 4 anos, o último recenseamento dos elefantes do país foi efectuado há mais de 30 anos. Fazendo uma estimativa, Stephenson afirma que nos anos 80 existiam em Angola provavelmente 12 mil elefantes. Segundo ele os ecologistas estimam agora que o abate indiscriminado naquele país tenha reduzido esse número para apenas duas centenas.