Dezasseis grupos dos direitos humanos do mundo árabe, e do ocidente, apelaram a Liga Árabe a endossar o plano de envio de capacetes azuis da ONU para a região sudanesa de Darfur.
O apelo surge precisamente numa altura em que os lideres da Liga Árabe, preparam-se para iniciar uma cimeira de dois dias na capital sudanesa, Cartum.
Os estados membros da Liga Árabe reunem-se hoje em cimeira, que terá por palco a capital sudanesa Cartum, que não acolhia desde 1967 uma reunião do género da organização, com a tensão na região de Darfur como a prioridade na agenda dos trabalhos.
A União Africana mantêm na região sete mil capacetes azuis, mas os lideres da organização continental africana concordaram em transferir aquela missão de paz, para a alçada de uma força de paz das Nações Unidas, melhor equipada e financiada.
A organização continental africana votou favoravelmente a extensão do mandato da actual força de paz em Darfur, por mais seis meses, na esperança das autoridades sudanesas aprovarem a transferencia.
Mas Cartum opõe-se a entrada dos capacetes azuis da ONU em Darfur, e tem para o efeito, conseguido um forte lobby junto dos países árabes vizinhos.
Fadi Al Qadi, o representante no Cairo, Egipto, da organização activista dos Direitos Humanos, a Human Rights Watch.
Qadi diz estar seguro que aparentemente a Liga Árabe não vai apoiar a transferencia da missão de paz africana, para as Nações Unidas, tendo por pretexto as objecções de Cartum..
‘Os sinais que identifiquei ontem, o que temos ouvido da Liga Árabe não são nada prometedores, de todo. Pelo contrario são decepcionantes. Esperamos que a Liga Árabe venha a adoptar uma posição de protecção da população civil em Darfur.
A Human Rights Watch, e quinze outros grupos activistas dos direitos humanos, a maior parte, dos estados árabes, incluindo o Egipto, o Líbano e o Yemen tornaram publico uma declaração conjunta instando a Liga Árabe a tomar posição relativamente à crise humanitária em Darfur.
Aquele grupo de organizações dos direitos humanos apela em particular os lideres da Liga Árabe a endossarem o envio de capacetes azuis da ONU, para Darfur, para além de condenarem a violação dos direitos humanos, que atribuem aos grupos rebeldes, as tropas sudanesas e as milícias pró-governamentais, Janjaweed.
Fadi Al Qadi, da Human Rights Watch é da opinião que os lideres árabes deveriam sobrepor os direitos humanos às alegações de Cartum.
‘Esperamos que pelo menos desta vez, a Liga Árabe se aproveite deste momento e condene de forma firme as atrocidades que tem tido lugar em Darfur, e que pressionem as autoridades sudanesas a aceitarem os termos de transferencia da missão de paz da União Africana, para uma forca de paz das Nações Unidas, no quadro de um plano que alargaria a protecção da população civil em Darfur.’
A crise em Darfur não será porventura o único assunto delicado da agenda dos trabalhos desta cimeira da Liga Árabe, que hoje arranca na capital sudanesa, Cartum.
Os lideres árabes vão também se debruçar sobre a crise nuclear iraniana, a guerra no Iraque assim como o cenário criado pelo recém empossado governo palstiniano, encabeçado pelo grupo militante islâmico, Hamas.
A cimeira vai igualmente abordar a tensão entre a Síria e o Líbano, gerado pelo assassinato, há mais de um ano, do ex primeiro ministro libanês, Rafik Hariri .
Noticias que chegam da capital libanesa, Beirute, dão conta que o Líbano será representado na cimeira, tanto pelo pró sírio presidente como pelo anti Damasco primeiro ministro.