A Secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, defendeu , quarta-feira o apoio dado pela Administração Bush às reformas democráticas e às eleições no Médio Oriente, muito embora a recente votação na Palestina produziu uma vitória para o grupo radical Hamas. No depoimento que fez perante o Congresso, Rice excluiu também a ajuda americana a qualquer novo governo palestiniano que não reconheça Israel.
A presença da Secretária de Estado perante a Comissão de Relações Externas do Senado foi feita para ostensivamente defender o orçamento para a política externa do presidente Bush para o próximo ano no valor de 35 mil milhões de dólares.
Mas, Rice gastou aplicou-se a defender a política da Administração Bush para o Médio Oriente, incluindo o apoio às eleições que resultaram em ganhos políticos para os conservadores shiitas no Iraque, para a Irmandade Muçulmana, no Egipto e, mais recentemente, para a facção radical palestiniana do Hamas.
Os resultados eleitorais geraram perguntas por parte de vários elementos da Comissão , incluindo de Barbara Boxer, uma democrata pelo Estado da Califórnia. Disse ela que a administração Bush foi repetidamente surpreendida pelos resultados eleitorais que, na sua opinião, mostram que o Médio Oriente está a mudar, mas que não está a mudar para melhor.
Disse Boxer: ”Esta administração parece ter um ouvido mal afinado no que toca ao Médio Oriente e isso coloca-nos numa situação menos segura. Senhora Secretária de Estado acredita, na verdade, que as eleições no Médio Oriente, onde aquele tipo de terroristas e de grupos extremistas estão a ser escolhidos )e eu sei que o senador Joseph Biden foi lá onde eles estão) pensa que esse processo está a trazer benefícios para os EUA?”
A Secretária de Estado, numa animada troca de opiniões com a senadora Boxer, disse que a sua pergunta assumia que o Médio Oriente estaria melhor entregue a ditadores como Saddam Hussein e Yasser Arafat ou com a Síria a ocupar o Líbano.
Disse Rice que tem havido resultados eleitorais que não são perfeitos, mas adiantou acreditar ainda no processo que tornou este mundo (que descreveu como em estado de transição) num lugar melhor.
Adiantou Rice: ”Os EUA estão a defender os seus princípios, ao abrigo dos quais o povo do Médio Oriente, o povo da América Latina devem ser capazes de escolher os seus líderes. Haverá ocasiões em que os resultados eleitorais resultem numa escolha que nós preferiríamos que não tivesse sido feita. Claramente, a eleição do Hamas é um momento difícil nas perspectivas de paz entre palestinianos e israelitas. A escolha foi feita e, agora, a comunidade internacional irá responsabilizar o Hamas pela política que seguir”.
A Secretária de Estado americana disse ainda que a política dos EUA para o Médio Oriente durante mais de 60 anos tem sido a de apoiar regimes autoritários, o que não deram espaço aos partidos moderados e fizeram com que as facções radicais se tivessem desenvolvido marginalmente.
Disse Rice que seria esperar demasiado que partidos moderados do espectro político aparecessem à luz do dia de um momento para o outro.
Questionada pelo senador republicano George Allen, Rice concordou com ele quando este disse que nenhum dinheiro de ajuda humanitária americana será dado a um governo palestiniano se este não reconheça Israel e que não renuncie ao terrorismo.
No entanto, Rice deixou a porta aberta para continuar a ajuda americana aos palestinianos, desde que esta seja entregue directamente por organizações não governamentais ou agências da ONU.
Disse Rice na oportunidade: ” Penso que queremos continuar a corresponder às necessidades humanitárias. Penso que não é nosso estilo recusarmo-nos a vacinar as crianças palestinianas só porque o Hamas está no governo. Mas a porção da ajuda que se destinaria ao governo para projectos de reconstrução será bloqueado, a menos que o governo palestiniano esteja na disposição de reconhecer Israel e levar por diante o que ficou determinado pelo Quarteto para o Médio Oriente.”
O Quarteto, que inclui os EUA, a Rússia, a União Europeia e a ONU, estabeleceram regras para fornecer ajuda a um novo governo palestiniano.
Este ano, os EUA forneceram mais de 230 milhões de dólares aos palestinianos, cerca de um terço do dinheiro distribuído através das Nações Unidas.