Altos funcionários governamentais sírios e libaneses estão implicados no assassinato do ex. primeiro ministro do Líbano, Rafik Hariri.
Na sequência de uma investigação que durou quatro meses, o procurador alemão entregou ontem ao secretario geral das Nações Unidas, Kofi Annan o relatório internacional de investigação sobre as circunstancias do assassinato do ex. primeiro ministro libanês.
O procurador alemão, Detlev Mehlis entregou a Annan o seu relatório de 54 paginas, que já foi igualmente encaminhado ao Conselho de Segurança , que deverá pronunciar-se a propósito, na próxima semana.
Numa linguagem dura e directa, o relatório confirma a existência do que rotula de provas convergentes que indiciam o envolvimento sírio e libanês no assassinato de Rafik Hariri.
Durante as investigações, o veterano e experimentado procurador alemão, Detlev Mehlis indiciou quatro generais libanês, pró Síria como suspeitos e interrogou sete funcionários sírios. Um dos interrogados, foi por sinal, o ministro do interior da Síria, Ghazi Kenaan que se suicidou na semana passada.
Mas o presidente da Síria, Bashar al Assad foi citado por um jornal alemão, como tendo garantido que o seu país está cem por cento inocente em todo esse processo
Contactado ontem pela VOA, o embaixador dos Estados Unidos junto da ONU, John Bolton, que ainda não tinha tido acesso ao teor do relatório de Detlev Mehlis, garantiu que vai primeiro analisar o documento antes de um eventual pronunciamento a propósito.
‘Temos estado em consultas e em discussões com uma serie de outros países, a propósito do que deverá ser feito e do que será eventualmente a nossa reacção. Mas posso garantir-vos, que não nos pronunciaremos ou tomaremos qualquer decisão a propósito, antes de lermos o relatório.’
O embaixador John Bolton furtou-se igualmente a um pronunciamento publico sobre o registo de negociações nos bastidores, versando uma possível reacção do Conselho de Segurança da ONU, ao relatório.
Diplomatas europeus garantiram que a Franca e os Estados Unidos encontram-se entre os países que lideram uma iniciativa diplomática visando particularmente a Síria.
O porta voz da missão dos Estados Unidos na ONU, Richard Grenell disse aos jornalistas existir um entendimento alargado no sentido de que uma reacção será sempre necessária.
‘Os membros do Conselho de Segurança ... estamos em acordo, sobre a necessidade de haver uma reacção ao relatório, e caso encontremos algo delicado e serio no documento, ou revelações que nos levem a identificação dos eventuais envolvidos na horrível matança, o Conselho de Segurança estaria pronto a reagir. E é sobre isso que temos estado a falar.’
De realçar que ciente do eventual efeito político explosivo que a confirmação do envolvimento sírio no assassinato poderia ter, o secretario geral a ONU, Koffi Annan em pelo menos duas ocasiões no decorrer desta semana, advertiu para os riscos da politização do relatório.
Annan relembrou aos jornalistas que ainda existe um longo caminho a ser percorrido, até se conseguir levar os envolvidos no assassinato do ex. líder libanês, Rafik Hariri, a justiça.
‘O relatório Mehlis é apenas o principio e não o fim, porque os magistrados e os outros vão agora analisar as revelações do relatório e decidir a quem acusar e a quem levar a justiça.’
Espera-se que o secretario geral da ONU, Koffi Annan decida igualmente e a pedido do primeiro ministro libanês, Fouad Siniora, favoravelmente à extensão ate meados de Dezembro próximo, do mandato da equipa de investigadores liderado por Detlev Mehlis.
A expansão do mandato iria permitir a Mehlis e a sua equipa explorar as vias para se conseguir levar aos tribunais, os acusados do assassinato de Rafik Hariri.
Recorde-se que o assassinato de Rafik Hariri ocorrido a 14 de Fevereiro de 2005 despoletou uma onda de contestação interna no Líbano contra a presença militar síria no país, facto que acabou por culminar na retirada das tropas de Damasco daquele país,30 anos depois.