Autoridades haitianas e trabalhadores das Nações Unidas começam a preparar as primeiras eleições na nação insular Caribe desde a queda do Presidente Jean Bertrand Aristide.
Desde já, as autoridades enfrentam grandes obstáculos ligados a infra-estruturas rodoviárias, que quase não existem, e ainda a falta da energia eléctrica, o analfabetismo e a violência subjacente, tornando difícil o registo dos eleitores sobretudo nas áreas mais remotas da Ilha.
Apesar do registo ter sido anunciado em Abril, até Julho passado os centros de voto não estavam ainda abertos, sobretudo nas áreas rurais.
O Conselho Eleitoral Provisório, conhecido pelo acrónimo francês CEP, que tem orientado as operações, prolongou pelo menos duas vezes o prazo do registo devido à falta de números suficientes de eleitores que se apresentassem.
O porta voz do CEP, Stephane Lacroix, disse que a falta das infra-estruturas tem sido um dos maiores obstáculos:
<!-- IMAGE -->’....para um país como o Haiti, existem problemas de comunicações e más estradas. Vimos imagens dos trabalhadores das Nações Unidas com painéis solares, de aldeia em aldeia, sem energia eléctrica. Mas não falta a vontade de instalar serviços energéticos em toda a parte. Temos recebido queixas que não há energia em muitas localidades. Mas estamos a fazer tudo ao nosso alcance para utilizar os recursos disponíveis e atingir as comunidades em unidades móveis....’
Mas outros afirmam que o modelo eleitoral adoptado pode ser politicamente motivado, a fim de influenciar os resultados eleitorais. Um estudo recente levado a cabo pelo Grupo Internacional de Crises, afirma que o governo interino tem perseguido o Partido Lavalas e apoiantes do Presidente Aristide. O estudo afirma que isto poderia comprometer as eleições. Outros críticos indicam como exemplo a zona pobre do bairro Cité Soleil, à beira do mar, conhecido pelo seu apoio ao Partido Lavalas, que não tem um centro de registo, enquanto que outras áreas mais ricas que não apoiam o Partido Lavalas, possuem vários centros.
Enquanto vários partidos políticos têm registado os seus candidatos, os do Partido Lavalas podem até não participar no acto eleitoral. Desde há meses que o Partido Lavalas tem ameaçado boicotar as eleições para logo a seguir ter decidido que o seu candidato seria o Padre Gerard Jean Juste. Mas o Conselho Eleitoral não autorizou que o sacerdote aparecesse em pessoa para se registar, tendo sido detido pela policia sem causa formada. A policia alega que o Padre está a ser investigado pela morte do jornalista haitiano Jacques Roche.
Os apoiantes do Partido Lavalas afirmam que o Concelho Eleitoral Provisório, o CEP, está politicamente motivado. O Partido de Jean Aristide parece ser a única formação política da maioria das classes destituídas haitianas, tornando-o na formação política que poderia recolher os necessários 50 por cento de votos para ganhar as eleições.
Para os eleitores registados, a escolha de um candidato será o seu maior desafio entre um painel de 54 concorrentes, dos quais um ex-presidente, líder de um golpe militar falhado, e um homem de negócios haitiano, natural dos Estados Unidos.
A campanha política começa no próximo mês. Muitos haitianos começam a manifestar o seu cepticismo.