Um camião cisterna desce a colina a caminho da principal fabrica da plantação de borracha da Firestone, em Harbel. Nas proximidades uma equipa de manutenção utiliza asfalto quente para cobrir os buracos da estrada.
A plantação de Harbel tem os poucos arruamentos asfaltados que existem no país.
No inicio deste ano, a Firestone celebrou um acordo com o governo da Libéria prorrogando ao arrendamento da propriedade por mais 36 anos, 16 anos para alem do contrato original, assinado em 1926. Responsáveis da Firestone referem que a prorrogação demonstra o compromisso da empresa na reconstrução da Libéria.
Mas não toda a gente esta contente. Num edifício, situado entre delapidadas construções de tecto de zinco, um grupo de trabalhadores locais da Firestone manifestando-se dizendo sentirem-se enganados.
Segundo dizem não foram consultados para nada, não sabendo o que contem o contrato, e mesmo se o contrato foi assinado.
Os trabalhadores sustentam que o governo de transição poderia ter incluído clausulas no acordo para melhorar as condições de trabalho. Os homens referem trabalhar com frequência turnos duplos de 14 horas, ganhando um pouco mais de três dólares por dia. As condições de vida nos aldeamentos da empresa sustentam serem deploráveis. Não tem electricidade e agua recolhida de uma bomba instalada pelas Nações Unidas. Um dos homens refere que o telhado do seu quarto caiu recentemente.
Responsáveis da Firestone afirmam-se empenhados em melhorar a infra-estrutura da plantação, incluindo a construção de uma nova escola, a reconstrução do centro medico e o alargamento dos serviços sociais.
Segundo eles, num país onde 85 por cento da população está desempregada, os salários que pagam encontram-se substancialmente acima da media nacional.
O acordo celebrado que teve o consentimento do governo de transição, tem sido contestado por alguns na Libéria, argumentando que o executivo nomeado, e não eleito, ultrapassou a sua autoridade.
Suspeita de corrupção entre a administração transitória levou a ECOWAS a ordenar, no inicio deste ano, uma auditoria.
O director de um grupo da sociedade civil, que analisou o arrendamento da Firestone, acredita que o acordo supervisado pela ONU que colocou no poder o executivo de transição, não lhe permite negociar qualquer extensão de contrato superior aos dois anos de mandato.
Esta individualidade responsabiliza igualmente a Firestone, referindo que ao firmar o acordo de arrendamento antes das eleições gerais marcadas para o próximo mês, ... a Firestone tentou assegurar a sua influencia sobre os termos do contrato.
O presidente da Firestone Natural Rubber Company, numa entrevista telefónica concedida a Voz da América, adiantou que a empresa instou para a prorrogação do arrendamento desde as ultimas eleições na Libéria, que o antigo dirigente rebelde, Charles Taylor, venceu.
'Nos últimos 15 anos estivemos com produção muito limitada, e o que este acordo reconhece que perdemos muito tempo, e apenas nos credita pelo tempo perdido.'
O responsável acrescentou não existir qualquer razão para que Firestone não tivesse assinado o acordo com o governo de transição, pois todos os governos mesmo tendo limite temporal assinam acordos que lhes sobrevivem.
O acordo da Firestone, e outros contratos a longo prazo, rubricados no período de transição, em particular a concessões mineiras, tornaram-se num tópico de debate da campanha eleitoral, tendo pelo menos um candidato solicitado a revisão e possível anulação dos mesmos.