O senador, e membro do comité das relações externas do Senado, Richard Lugar foi despachado para a África, na qualidade de enviado especial do presidente George Bush, para testemunhar na Argélia, a libertação de cerca de quatrocentos prisioneiros militares marroquinos, do conflito no Sahara Ocidental.
Numa missão presidencial, mantida em segredo até horas antes da partida, o senador Richard Lugar deixou ontem a capital Washington com destino a Argélia, onde vai acompanhar a libertação de 404 militares marroquinos feitos prisioneiros durante o conflito armado no Sahara Ocidental.
A Frente Polisário apoiada pela Argélia capturou cerca de dois mil soldados marroquinos durante os 16 anos de conflito armado com Marrocos.
O conflito teve inicio em 1975, depois da antiga potência colonial, a Espanha ter-se retirado do Sahara Ocidental e terminou em 1991 com assinatura de um acordo de cessar fogo, patrocinado pelas Nações Unidas, mas com o Marrocos a controlar o território.
Ao longo dos últimos anos, tem havido uma serie de cerimonias de libertação de prisioneiros, mas sem que uma resolução política da disputa seja encontrada, e com mais de 150 mil refugiados da guerra a permanecerem ainda na Argélia, país que tem servido de retaguarda a Frente Polisário.
Um funcionário do departamento de estado que falou a imprensa, disse que o presidente argelino, Abdelaziz Boutefika solicitou a Washington o envio de um alto funcionário para acompanhar o processo de libertação dos prisioneiros marroquinos, alguns dos quais detidos em péssimas condições há 20 anos.
O enviado especial do presidente George Bush, o senador Richard Lugar vai se encontrar ainda hoje com o presidente Boutefika na capital argelina, de onde viajara para o sul do país, mais precisamente para a cidade de Tindouf, onde vai decorrer a cerimonia de libertação dos prisioneiros marroquinos retidos num campo e que serão entregues a ONU, que se encarregara de os enviar para Marrocos.
O senador Lugar vai igualmente assistir a chegada dos prisioneiros a Marrocos, onde deverá se encontrar na sexta feira com o rei de Marrocos, Mohamed sexto.
Os funcionários americanos manifestaram-se esperançados com a possibilidade da libertação final dos prisioneiros, de há muito reivindicado por Rabat, vir a contribuir para a melhoria das relações entre Marrocos e Argélia e o renovar dos esforços no sentido da resolução do conflito saharaui.
O governo marroquino tem resistido à implementação do plano das Nações Unidas para a região, que prevê uma autonomia de quatro ou cinco anos para o território, seguido de um referendo para sufragar a independência.
Os Estados Unidos, que mantêm boas relações tanto com a Argélia, como com Marrocos, estão fortemente envolvidos no processo de resolução do conflito no Sahara Ocidental.
O ex. secretário de estado americano, James Baker foi durante vários anos, o enviado especial das Nações Unidas para a região, antes de se demitir em 2004.
O diplomata americano que falou a imprensa, disse ainda que o senador Richard Lugar vai igualmente visitar a Líbia, para contactos com altos dirigentes de Tripoli, incluindo eventualmente o presidente líbio, Mohamar Kadafi.
Caso este inesperado encontro venha a acontecer, o senador Lugar seria a mais proeminente figura política americana a se encontrar com o líder líbio, desde o reatamento das relações bilaterais em 2003 entre Washington e Tripoli e na sequência da renuncia Líbia, as armas de destruição em massa.