Tanto o governo indonésio como o Movimento por um Aceh Livre, manifestaram optimismo sobre a possibilidade de o acordo de paz vir a prevalecer.
No entanto, e no decurso da cerimonia de assinatura, o auto proclamado primeiro ministro no exílio do Movimento e principal negociador, Malik Mahmund, expressou algumas preocupações.
Malik afirmou que o Movimento não pode confiar no governo para o desarmar das milícias alegadamente financiadas pelos militares, pois o executivo nega a sua existência.
‘O Movimento por um Aceh Livre manifesta a mais profunda preocupação sobre a presença continuada das milícias no Aceh, apesar da assinatura do acordo de paz. O governo desmente a existência de tais milícias, por isso e segundo a sua lógica, não existe necessidade de os desarmar.’
Anteriores tréguas entre as duas facções resultaram no retomar do conflito, mas o maremoto de Dezembro que devastou a província indonésia de Aceh colocou as duas partes de novo a mesa das negociações.
Com a maior da província, rica em petróleo e gás, destruída, e mais de 160 mil pessoas mortas no maremoto, as duas partes sustentam desejar concentrar-se na ajuda a reconstrução de Aceh.
O porta voz do Movimento, Bahtiar Abdulah, refere acreditar que o acordo será mantido com a ajuda internacional.
‘Considero ter sido feito grande progresso no acordo de paz, que considero poderá resultar se as partes trabalharem com afinco, bem como com a ajuda internacional, e a fiscalização de uma equipa internacional. Estou optimista.’
Os primeiros de cerca de duas centenas de monitores da União Europeia e da Associação das Nações do Sudeste Asiático, chegaram no domingo a Aceh, para fiscalizar o acordo de paz.
Segundo o acordo, elaborado durante cinco rondas de conversações em Helsínquia, com um medianeiro finlandês, o Movimento ira desarmar e as forcas de segurança vão ser retiradas.
O governo acordou igualmente em permitir ao Movimento constituir o seu partido político, e deter autonomia parcial na província.
Para alem disto, o acordo prevê que Aceh retenha 70 por cento de todas as receitas de petróleo, de gás e de outros recursos naturais.
Será formado em Aceh um tribunal de direitos humanos, ao estilo da comissão da verdade e da reconciliação.
O porta voz do governo indonésio, Andi Mallerengeng afirma que o governo espera que este acordo conduza a uma paz duradoura.
‘Esperamos que a assinatura seja o inicio de uma longa e duradoura paz no Aceh, de uma paz global que nos permita concentrar na reconstrução do Aceh.’
Mais de 12 mil pessoas na sua maioria civis, foram mortas durante o conflito.